Denúncias voltam a ganhar destaque nas revistas semanais

Denúncias envolvendo políticos e integrantes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltam a ganhar destaque nas edições das principais revistas semanais do País neste fim de semana. A Revista "Veja" traz chamada de capa com o título "Mensalão II" acompanhada de fotos do empresário Marcos Valério e do apresentador Carlos Massa, o Ratinho. A revista diz que Valério ameaça voltar a falar e "pode jogar o PMDB na lama do mensalão e contar como o PT pagou para Ratinho fazer elogios a Lula". O empresário, acusado de ser a principal fonte de recursos para propinas a parlamentares, estaria preocupado com a forma como deve ser citado no relatório da CPI dos Correios. Por isto, estaria ameaçando fazer novas revelações, que desta vez implicaria sobretudo o PMDB.

Valério também estaria ameaçando revelar detalhes de como, nos primeiros meses de 2004, repassou dinheiro para que José Borba, deputado do PMDB que renunciou após aparecer em lista de beneficiários do mensalão, pagasse ao apresentador Ratinho. Segundo a "Veja", o apresentador, em troca do dinheiro, passaria a usar seu programa no SBT como palanque para promover o presidente Lula e a então prefeita de São Paulo, Marta Suplicy que na ocasião estava em campanha. O apresentador negou que tivesse recebido qualquer pagamento para promover os petistas.

A revista traz ainda gravação de conversa com o advogado Roberto Bertholdo, membro do conselho de administração de Itaipu até fevereiro de 2005. No trecho transcrito por "Veja", Bertholdo faz menção a um acordo pelo qual o PT pagaria "cinco paus" ao apresentador Ratinho, e conta que um dos negociadores era Delúbio Soares, então tesoureiro petista. "O PT topou pagar. Cinco paus", diz Bertholdo a um interlocutor quando falavam sobre um suposto acordo entre Ratinho e o partido. Em outro trecho, o advogado conta ter descoberto que a Siemens pagou uma propina de "seis paus" de dólares ao diretor-geral de Itaipu, Jorge Samek, em troca do perdão de uma dívida milionária da empresa alemã com a estatal.

A "IstoÉ" traz denúncia envolvendo o ministro do Turismo Walfrido dos Mares guia (PTB). Ele seria o primeiro integrante do primeiro escalão do governo Lula a ser flagrado, com assinatura e tudo, nos esquemas financeiros montados por Marcos Valério. Segundo a reportagem, o ministro acaba de ser intimado pela Polícia Federal para explicar transações financeiras suspeitas entre uma de suas empresas, a Samos Participações Ltda e Marcos Valério. Mares Guia teria obtido empréstimos e outras operações destinadas a pagar dívidas de campanhas de aliados sem contabilização oficial.

Os documentos obtidos por "IstoÉ" mostram que em setembro de 2002 Mares Guia sacou R$ 507.134 da conta da Samos Participações Ltda., sediada em Belo Horizonte, e depositou o dinheiro direto na conta de Marcos Valério. Toda a operação aconteceu, segundo a revista, na agência Assembléia do Banco Rural em Belo Horizonte, a mesma onde houve saques milionários destinados a alimentar os políticos ligados ao suposto mensalão.

De acordo com a reportagem, os originais do dossiê estão hoje nas mãos da Polícia Federal, em Brasília, e revelam que estatais mineiras e empreiteiras que mantinham contratos com o governo estadual ajudaram a abastecer um caixa informal de mais de R$ 100 milhões na campanha tucana de 1998. O valor, quase doze vezes superior aos R$ 8,5 milhões declarados por Eduardo Azeredo (na época candidato a senador) à Justiça Eleitoral, está num relatório assinado pelo ex-tesoureiro do PSDB, Cláudio Mourão, que ameaçava denunciar o caixa 2 montado em 1998, quando Azeredo tentou, sem sucesso, ser reeleito governador de Minas Gerais. Mares Guia era o coordenador da campanha do tucano. Os documentos já foram periciados pela Polícia Federal e tiveram autenticidade comprovada.

De acordo com o dossiê, Mares Guia era um dos responsáveis por administrar o caixa 2 e recebeu R$ 24,5 milhões para pagamento de despesas diversas. Na sexta-feira, o ministro explicou à "IstoÉ" que fez o depósito na conta que lhe foi indicada pelo senador Azeredo.

Outra revista que destaca denúncias na sua edição desta semana é a Carta Capital. A revista relata a interferência do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL), e de um dos principais aliados da família de ACM na Bahia, o governador Paulo Souto (PFL), em favor de investimentos do fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, a Previ, na construção do resort de Sauípe. Este investimento, segundo a revista, teria gerado prejuízo de R$ 850 milhões.

Voltar ao topo