Denúncia contra deputado pedetista mobiliza Câmara

O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), disse nesta sexta-feira que na segunda-feira fará uma reunião com o corregedor-geral Ciro Nogueira (PP-PI) para tratar das suspeitas levantadas pela CPI dos Correios, de que o deputado João Herrmann (PDT-SP) recebia uma "mesadinha" da empresa de transporte aéreo Beta (Brazilian Express Transportes Aéreos). A CPI investiga a suspeita de que a Beta, em parceria com a Skymaster, fraudava licitações dos Correios para o transporte aéreo noturno.

Aldo disse que determinou à Secretaria-Geral da Câmara que junte todo o noticiário a respeito da denúncia que envolve Herrmann e que, na reunião de segunda-feira (16) com o corregedor, eles examinarão se é o caso de determinar a abertura de processo contra o parlamentar, por quebra de decoro. Aldo anunciou ainda que receberá João Herrmann também na segunda-feira. "O deputado ligou, solicitou uma audiência, e disse que pretende explicar tudo o que envolve seu nome", disse Aldo.

Integrantes da CPI dos Correios estão divididos sobre a convocação de Herrmann para explicar o recebimento de R$ 79 mil, entre março de 2003 e meados do ano passado, da Beta. O sub-relator de movimentação financeira da CPI dos Correios, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), defendeu hoje a convocação de Herrmann. Em nota, o sub-relator de contratos da CPI, deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), disse que os documentos com a quebra do sigilo bancário da Beta, que mostram o repasse de recursos para o pedetista, precisam ser analisados com cuidado, antes de qualquer decisão da Comissão.

"É inevitável chamá-lo (Herrmann) na CPI", afirmou Fruet. Ele contou que integrantes da Comissão sabiam desde novembro último dos repasses de recursos para João Herrmann. Segundo Fruet, dirigentes da empresa aérea disseram, em sessão reservada da CPI, que Herrmann recebia recursos da Beta. O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), integrante da CPI dos Correios, defendeu que o caso seja investigado. "Confirmados os depósitos sem justificativa cabal é evidente que o caso será investigado na CPI dos Correios podendo chegar ao Conselho de Ética", disse o tucano, que é amigo de Herrmann.

Os depósitos da Beta, que é investigada pela CPI por suspeita de irregularidades em contratos com os Correios, para o deputado foram feitos em 25 pagamentos mensais que começaram em março de 2003 e pararam no segundo trimestre de 2005, pouco antes do escândalo dos Correios. Os primeiros pagamentos foram de R$ 3 mil, sendo corrigidos até R$ 3,8 mil (última quitação).

O senador Jefferson Perez (PDT-AM) defendeu hoje a expulsão de Herrmann do partido, caso seja comprovada a existência de irregularidade no recebimento do pagamento da Beta. "Sou amigo do João Herrnann. Mas a acusação, seja contra quem for, tem de ser apurada. O partido agiu corretamente ao suspender a sua filiação. Torço para que o deputado seja inocente. Mas, tudo o que compromete a reputação de um parlamentar deve ser punido severamente. Espero que não seja o caso do Herrmann", afirmou o senador.

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