Os três presos acusados de envolvimento no assassinato da missionária Dorothy
Stang, em Anapu (PA), serão ouvidos novamente pelo delegado que presidiu o
inquérito na Polícia Civil, Waldir Freire.
Ele quer a versão dos acusados
sobre uma possível tentativa de suborno para livrar o intermediário e o mandante
do crime. Acusado de ter contratado os dois pistoleiros – Rayfran Sales, o
Fogoió, e Clodolado Batista, o Eduardo – para assassinar a freira, Amair Cunha
(Tato), teria oferecido propina de R$ 10 mil para cada um deles, em troca de
darem uma nova versão à polícia.
A proposta de Tato teria sido levada a
Rayfran por outro preso, que também estava detido no presídio de Altamira. Quem
informou a polícia sobre a tentativa de suborno foi o próprio Fogoió, quando os
três presos estavam sendo transferidos de Altamira para o Complexo Penitenciário
de Americano, em Santa Izabel do Pará, região metropolitana de
Belém.
"Ontem à tarde, no avião, Rayfran confidenciou para mim que havia
sido contactado por um preso lá em Altamira, já que eles estavam em celas
separadas, para que ele mudasse o depoimento e assumissem, ele e Clodoaldo, a
autoria do crime sem envolver o Tato e o Bida. Para isso, ganhariam R$ 10 mil
cada um", relatou o delegado. O fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida,
foi indiciado como mandante do crime e está sendo procurado pelas polícias Civil
e Federal.
Para Waldir Freire, a revelação mostra que a polícia está no
caminho certo. "O Rayfran, quando diz que foi procurado por Tato, em nome do
Bida, para assumir o caso, em troca de R$ 10 mil, leva à conclusão de que eles
estão assumindo de vez a participação no crime", disse.
O delegado
informou que pretende ir ainda hoje à penitenciária de Americano para ouvir os
presos acusados de envolvimento no assassinato da missionária. Os depoimentos
serão encaminhados à Justiça, que já recebeu o inquérito policial.
Freire
disse ainda que o presídio em que eles se encontram dispõe de um rígido esquema
de segurança. "É um presídio recém-inaugurado, com celas individuais. Nem o
advogado tem contato pessoal com os presos, só através de telefone, por um
visor. É um controle bastante rígido, as visitas são selecionadas, eles estão em
segurança", revelou.