Delegado da PF nega motivação política em foto de dinheiro

O delegado Edmilson Pereira Bruno, que divulgou na ultima sexta-feira o CD com fotos do dinheiro apreendido de dois integrantes do PT (Gedimar Pereira Passos e Valdebran Padilha) que seria destinado para pagar dossiê contra José Serra, elaborado pelos Vedoin, afirmou que não teve motivação política. Ele citou o ministro Marco Aurélio Mello, presidente do TSE, para justificar sua atitude. "O ministro foi muito feliz quando disse: A publicidade é regra, o sigilo é exceção", afirmou. "O que eu fiz, tantos outros fizeram, tantas operações da Polícia Federal foram divulgadas. Acho que o cunho político estaria sendo dado ao não divulgar as fotos", afirmou.

Na avaliação do delegado, é que ele fez um bem para a sociedade. "Vocês acham que a sociedade tem jeito de saber a verdade? Se, sim, eu agi certo. Se não, eu agi errado", opinou. Segundo Bruno o inquérito estava sob segredo de justiça, mas as fotos não. Ele negou ter recebido dinheiro, em troca do repasse das fotos para a imprensa. "Se eu recebesse dinheiro, iria repassar isto para vários repórteres. Eu estaria rico hoje", questionou.

O delegado manteve a versão que divulgou à imprensa na última sexta-feira, quando afirmou que um dos CDs com fotos sumiu do seu escritório, ele disse que entregou dois CDs para a imprensa e que havia pedido aos jornalistas que repassassem as fotos para todos os colegas. Bruno disse que disponibilizará os seus sigilos bancário e telefônico e reafirmou ser apartidário. "Alguma vez alguém me viu com alguém do PT ou do PSDB? Eu sou uma pessoa apartidária. Tenho minha consciência tranqüila e agi dentro da minha função como delegado da PF", disse.

O delegado insinuou que divulgou as fotos para se proteger de algo que qualificou de "uma armadilha". "O que eu posso temer é uma covardia, querem me imputar coisas que não fiz",afirmou. "Eu fiz sozinho, por consciência e não motivado para ser herói, ou paladino da justiça e sim para cumprir o meu dever, como delegado da Polícia Federal e até mesmo para evitar alguma armadilha que poderia ser feita contra mim".

Ele negou, no entanto, ter recebido ameaças e não detalhou a armadilha que poderiam tê-lo envolvido. Bruno insistiu na tese que divulgou as fotos para se proteger, mas afirmou que só dirá a verdade quando for questionada no inquérito policial. "Se quiserem me punir, que punam dentro dos ditames da lei. Mas, se me julgarem culpado, 80% da PF vai ter que responder pela mesma coisa que fiz", afirmou.

"Eu assumi ter vazado as informações. Um vazamento como muitos outros ocorreram e muitos outros vão ocorrer. O que é relevante no momento é a origem do dinheiro. É isto que dá o cunho político a coisa e não o vazamento de algumas fortes". Questionado porque participou da perícia no Banco Central e na Caixa Econômica Federal, se estava fora do caso, o delegado limitou-se a dizer: "Isto eu não posso dizer, mas foi isto que motivou tudo para que eu divulgasse as fotos".

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