Decisão no Senado

Hoje o Senado decide quem completará o mandato do senador alagoano Renan Calheiros (PMDB-AL) na presidência da Casa. O PMDB, partido de maior bancada e que por esta razão preside o Senado, indicou Garibaldi Alves (RN), por treze votos a seis. Renan renunciou à chefia da mesa para salvar o próprio mandato, depois da série de escândalos protagonizados pelo ex-presidente, acusado entre outras coisas de utilizar dinheiro de terceiros, no caso uma grande empreiteira de obras públicas, para pagar a pensão alimentícia de uma filha que teve numa aventura extraconjugal.

Renan conseguiu livrar-se das inúmeras acusações de quebra do decoro parlamentar, afinal, um valor intangível que todos os integrantes do Congresso estão obrigados a cumprir à risca, mas que ninguém mais sabe explicar do que se trata. Foi absolvido por seus pares em duas ocasiões distintas e, em sendo assim, estamos conversados.

Como o script foi armado com a operosa colaboração do governo, cuja moeda de troca foi liberar os senadores petistas para votar pela absolvição, a contrapartida sugerida a Renan seria a renúncia ao cargo de presidente da Casa. Há quem afirme que nessa parte sutil do acerto entrou a temerária oferenda renanzista de retribuir com os votos dos figurantes de sua brigada particular para a aprovação da CPMF.

Numa coincidência instrutiva, o governo preferiu transferir para hoje – dia da escolha do novo presidente do Senado – a votação da PEC da prorrogação do imposto do cheque. Governistas de carteirinha juram que uma coisa nada tem a ver com a outra, embora toda a população saiba de antemão que esse discurso é tão incongruente quanto uma cédula de três reais.

O presidente interino da Casa, senador Tião Viana (PT-AC), bem que insistiu em colocar a matéria em votação na sessão de ontem, mas o líder governista Romero Jucá (PMDB-RR) discordou pelo fato assaz relevante de que alguns senadores da base estavam impossibilitados de comparecer.

Por ter a maior bancada do Senado, o PMDB seguirá a tradição de indicar o candidato à sucessão de Renan. A preferência maciça era por José Sarney que, entretanto, abriu mão do sacrifício alegando uma série de razões inteiramente pessoais, entre elas a idade provecta. O guerreiro Pedro Simon teve o apoio dos oposicionistas, mas não conseguiu derribar as barreiras em seu próprio partido. Restou Garibaldi Alves. A nação merecia algo melhor…

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