Dantas diz que só falou com Dirceu e Banco do Brasil sobre Brasil Telecom

O banqueiro Daniel Dantas diz que foi procurado somente uma vez pelo governo federal para tratar de sua disputa com o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil (Previ) pelo controle da empresa de telefonia Brasil Telecom.

Dantas afirma que, em maio de 2003, foi chamado para uma reunião na Casa Civil pelo então ministro José Dirceu. Dantas presta depoimento às Comissões Parlamentares Mistas de Inquérito (CPMIs) dos Correios e da Compra de Votos.

Dirceu teria lhe pedido que procurasse o então presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb, para chegar a um acordo sobre o controle acionário da Brasil Telecom. "É importante resolver esse problema", teria dito Dirceu. Segundo Dantas, a reunião com Casseb teria sido "conversa difícil". Casseb, segundo ele, teria dito que havia uma "decisão de governo" para que a Previ rompesse o acordo com o banco Opportunity e assumisse o controle da Brasil Telecom.

Dantas teria voltado a reunir-se com José Dirceu, pedindo que não houvesse intervenção do governo na disputa. Segundo o banqueiro, Dirceu teria dito que isso não ocorreria. Perguntado pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR), se houve tentativa de suborno por parte do governo para resolver o caso, Dantas negou. "Não houve achaque por parte do PT", disse. Mas afirma que tinha "um entendimento, não uma constatação" de que o governo intervinha constantemente nos fundos de pensão.

Em abril, o Grupo Opportunity foi afastado do controle das empresas de telefonia Brasil Telecom, Amazônia Celular e Telemig Celular. O banco de Daniel Dantas exercia o controle das três empresas por meio do fundo de pensão CCV/Opportunity. A decisão que destituiu o banqueiro foi tomada a pedido de um dos sócios da empresas, o banco norte-americano Citigroup, e também aprovada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

O pedido aconteceu na época em que o dono do Opportunity foi denunciado por ter contratado a maior empresa de espionagem do mundo, a Kroll, para conseguir informações confidenciais da Telecom Itália e, com isso, ganhar o controle da Brasil Telecom.

Na espionagem, foram grampeados os telefones do então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, e do então secretário de Comunicação, Luiz Gushiken. Por isso, o Citigroup, um dos integrantes do CVC/Opportunity, entrou na Justiça nos Estados Unidos para destituir o banco da gestão da telefônica.

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