CUT pressionará se não alcançar mínimo maior

Se não conseguir do governo eleito um salário mínimo maior do que os 211 reais propostos pela atual gestão, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), João Felício, afirmou que pressionará. A discussão sobre o reajuste do salário mínimo poderá produzir o primeiro conflito público entre o novo governo e a CUT.

?Se tivermos de fazer uma mobilização ainda este ano para ter um salário mínimo melhor do que 211 reais, vamos fazer. Se não for possível uma negociação, nós vamos pressionar?, disse. A entidade defende o reajuste do salário mínimo para 240 reais. ?R$ 211 é inaceitável. Se 240 reais não cabem no Orçamento, 211 reais também não dá?, emendou, sustentando que o trabalhador precisa ter assegurada a reposição salarial da inflação acumulada no período.

No encontro que representantes da CUT tiveram hoje com o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, central, segundo Felício, reforçou a autonomia em relação ao novo governo. ?A CUT não foi eleita para ser governo. Não vamos abdicar da nossa luta, do direito de pressão?, afirmou. Assim, greves não estão descartadas. O presidente da CUT afirmou que nem imagina que Lula possa sugerir isso (abdicação da luta) aos dirigentes da central. ?Até porque Lula não gosta de pelego?, disse.

Felício, no entanto, admitiu que espera um canal de negociação com ele, o que poderá reduzir potenciais embates.  Assim, a expectativa do presidente da CUT é de um ?debate global? com o novo governo. ?Se negociarmos de forma fragmentada com o governo, não vamos chegar a lugar nenhum?, disse.

Simultaneamente à discussão do mínimo ou do aumento para o servidor público, Felício espera debater outras questões que tornem possível a retomada do crescimento econômico. A partir dessa discussão maior, eventuais perdas poderiam seriam compensadas com algumas medidas que tenham alcance de longo prazo.

A discussão da reforma previdenciária, por exemplo, é esperada pela CUT, que defende a unificação dos sistemas público e privado. O funcionalismo público federal não é, segundo Felício, um complicador para a aprovação dessa mudança porque ?a imensa maioria dos servidores públicos recebe uma aposentadoria miserável?.  De acordo com o presidente da CUT, 10% recebem valores ?astronômicos?, distorcendo a média. Na opinião de Felício, o teto máximo para esse sistema unificado deveria ficar em 20 mínimos, correspondentes a R$ 4 mil.

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