CUT colhe em todo o país assinaturas contra aumento para parlamentares

Brasília – A Central Única dos Trabalhadores (CUT) organizou nesta segunda-feira (18), em todo o país, ato público para a coleta de assinaturas contra o aumento de 90,7% autoconcedido pelos deputados federais na última semana. Na última sexta-feira (15), a entidade entrou com ação popular junto ao Tribunal Regional Federal (TRF) contra o aumento.

Em cima de um carro de som, microfone nas mãos, o secretário de Imprensa da CUT do Distrito Federal, Cícero Rôla, pedia às pessoas que passavam pela rodoviária, na região central de Brasília, que parassem um minuto para deixarem suas assinaturas. Na última quinta-feira (14), um grupo de deputados e senadores fechou um acordo aumentndo os subsídios parlamentares de R$ 12,8 mil para 24,5 mil, a partir do dia 1º de fevereiro.

?Nenhum trabalhador brasileiro teve nesse período nenhum reajuste acima de 5%. Nós estamos lutando pelo aumento do salário mínimo para R$ 420, ou seja, aumentar 20% do salário mínimo?, disse Cícero. Para a CUT, o aumento dos parlamentares, no nível em que está, representará menos dinheiro para a educação, saúde e para um salário mínimo digno.

De acordo com o diretor da CUT-DF, Roberto Miguel, em apenas uma hora foram colhidas mais de cinco mil assinaturas somente em Brasília. O serralheiro José Silva, de 35 anos, um dos que firmaram o abaixo-assinado contra o reajuste de 90,7% para os parlamentares, considerou o aumento uma falta de respeito com o povo. ?Eu acho uma vergonha, uma falta de respeito com o povo brasileiro. Falta de vergonha mesmo. É um bom presente de natal para eles?.

Indignado, o auxiliar administrativo Wagner Ribeiro, de 41 anos, lembrou que, além dos salários os deputados e senadores, têm inúmeras regalias, como o auxílio combustível. ?É complicado. O povo está vendendo o almoço para comprar a janta. E muitos deles eu acho que nem merecem salário porque são empresários, mas eles estão lutando para que aumente o salário, e os que dizem que não querem estão fazendo demagogia, porque no fundo todo mundo pega?, afirmou Ribeiro.

A dona de casa Tânia Maria Pereira, de 43 anos, mandou um recado aos parlamentares: ?Para eles tomarem vergonha na cara, e ver que eles não são os donos do mundo. Eles estão lá graças à população aqui fora, a população que eles massacram, com a qual eles fazem o que bem querem. É isso que eu acho?.

Enquanto isso, a doméstica Vanaide Amorim Lisboa, de 24 anos, uma filha de menos de um ano de idade no colo, comparava seus salário de R$ 500 com os R$ 24 mil que querem ganhar os deputados e senadores. ?É muita diferença, né??, concluiu.

Amanhã (19), às 9 horas, a CUT fará um ato de protesto em frente ao Congresso Nacional. Os trabalhadores vão levar até o local uma garrafa de quatro metros de altura com óleo de peroba dentro. ?A idéia é construirmos uma garrafa de óleo de peroba bem grande, para que a gente possa, simbolicamente, evidentemente, esfregar na cara dos caras de pau que concederam esse reajuste?, explicou Cícero Rôla. Na quarta-feira (20), a manifestação será no aeroporto de Brasília, como uma forma de recepcionar os parlamentares recém-chegados de seus estados.

O Partido Popular Socialista (PPS) protocolou hoje (18) uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o aumento dos deputados. Segundo o documento do partido, a despesa extra com o aumento de salário do poder legislativo federal, estadual e municipal pode custar R$ 1,66 bilhão aos cofres públicos por ano.

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