Situação caótica

Vítimas correm risco por falta de vagas em hospitais

Socorristas do Siate passaram duas horas e meia com uma vítima grave nas mãos porque não tinham um hospital com condições de recebê-la, na manhã deste domingo. Outra vítima, também em estado gravíssimo, teve de ser levada do Pilarzinho ao Hospital Municipal de Araucária, por falta de vaga nos hospitais de Curitiba.

O primeiro caso foi registrado às 8h40. Moradores da região central de Fazenda Rio Grande encontraram um homem com o rosto completamente ensanguentado, sentado em um terreno baldio quase em frente a um bailão, a duas quadras do posto do Corpo de Bombeiros. Os socorristas foram informados e colocaram o homem na ambulância.

A vítima não portava documentos e aparentava ter entre 30 e 40 anos. Ele tentou se comunicar através de gestos, mas em poucos minutos perdeu os sentidos. O homem foi atingido por pedradas e socos, e teve o rosto desfigurado. A viatura do médico se encontrou com os socorristas a caminho de Curitiba, e o doutor Mizael prestou apoio no atendimento. As duas equipes permaneceram por quase duas horas estacionadas, aguardando que a regulação médica indicasse o hospital para onde a vítima deveria ser levada.

No Hospital Evangélico, a luz acabou durante a manhã e a previsão era de que apenas à tarde alguns equipamentos voltariam a funcionar adequadamente. No Hospital Cajuru, o tomógrafo não estava funcionando, e o equipamento era importante no atendimento ao homem ferido. Já o Hospital do Trabalhador (HT) estava lotado, já que recebeu muitas vítimas de acidentes e ferimentos diversos entre a noite de sábado e a madrugada deste domingo, e não tinha condições de receber mais uma vítima grave.

Às 10h40, a ambulância foi orientada a levar a vítima ao HT para fazer uma tomografia. Após o exame, a mesma ambulância teve de encaminhar o homem ao Hospital Evangélico, onde ele ficou internado. A equipe de socorristas permaneceu, portanto, quase três horas sem poder atender nenhuma outra vítima.

Outro

Já por volta de 11h20, outro homem que não portava documentos, com idade aproximada de 50 anos, aparentava estar alcoolizado e sentou em uma mureta na Rua David Humi, próximo à esquina com a Rua Amauri Lange Silvério, no Pilarzinho.

A mureta separa uma casa de um terreno que fica quatro metros abaixo. O homem se desequilibrou, desabou e sofreu um traumatismo craniano. Socorristas de um posto que fica a poucas quadras da ocorrência prestaram apoio imediato à vítima, com apoio do mesmo médico que atendeu o homem agredido em Fazenda Rio Grande.

Até aquele momento, ainda não havia nenhuma vaga nos hospitais de Curitiba, e a ambulância teve que seguir até o Hospital Municipal de Araucária para que o homem fosse internado. O helicóptero da Polícia Rodoviária Federal, que diariamente ajuda os bombeiros a fazer os deslocamentos em grande distância com vítimas graves, só começou a operar após as 14h.