Dor de cabeça!

Rachaduras e cobrança: Obra paga por supermercado em Curitiba é só B.O.!

Foto: Colaboração/Leitor.

O pó vindo da rua e o barulho das máquinas são parte inevitável de qualquer obra. O que foge do normal são as consequências da interligação dos trechos da Rua Maria Homan Wisniewski, na Cidade Industrial de Curitiba, para a casa de Josephe Friedrich Trevisan. A intervenção, orçada em R$ 7 milhões e custeada pelo Grupo Muffato, deixou rachaduras e danos estruturais na residência da família, situada bem em frente ao canteiro de obras.

As rachaduras surgiram ao lado de janelas, nos cantos das paredes e até na área externa da casa, próxima à lavanderia. “Quando começaram a quebrar a calçada aqui, não avisaram nenhum morador. No início, tiraram todo o asfalto e passavam os compressores que faziam a casa tremer. Agora apareceu um monte de rachadura”, relata o morador.

Após a publicação da primeira reportagem da Tribuna do Paraná sobre as finalidades da obra, outros moradores também procuraram a redação para relatar prejuízos causados pela intervenção. A interligação do trecho tem como objetivo reduzir o impacto no trânsito nas imediações da Volvo, entre a Rua Eduardo Sprada e a Avenida Juscelino Kubitschek.

Segundo a moradora Juliana Teixeira*, que mora na mesma rua na altura do Conjunto Trianon, para tudo na obra há uma justificativa, menos para o descaso com os moradores. “Quem mora na rua sabia que a obra seria um transtorno”, conta.

Mesmo enfrentando uma situação diferente da do vizinho, ela também acumula prejuízos. “Quebraram as calçadas até o portão da nossa quadra e o conserto ficou mais ou menos, porque ficou acima do nível da rua. Alguns vizinhos já disseram que a água da chuva está voltando para dentro das casas”, explica.

A nova interconexão viária deve criar uma ligação direta entre a avenida e as principais vias da região, como a Rua Robert Redzimski e a Rua João Dembinski. O projeto foi planejado para comportar veículos de grande porte, o que justifica o rebaixamento do asfalto e a aplicação de uma camada mais espessa de pavimentação.

Para os moradores, essa parte da obra parece bem executada e cumpre o prometido, apesar da bronca com as calçadas. No entanto, a insatisfação com as calçadas levanta outra dúvida: quem vai arcar com o prejuízo?

Moradores denunciam cobranças indevidas

Assim como na casa de Juliana, as calçadas também se tornaram um problema para Josephe. O acesso de veículos à garagem ficou comprometido, e, segundo ele, esse é apenas um dos muitos transtornos causados pela obra.

Durante as escavações, parte do encanamento sob a calçada foi quebrada. Um dos funcionários teria pedido à mãe de Josephe — uma senhora de mais de 60 anos — que comprasse os canos para substituir a tubulação danificada.

“Perguntei quem iria pagar pelos materiais, e ele disse para eu comprar e depois resolver com a empresa”, relata o morador. Outros vizinhos confirmam que problemas semelhantes ocorreram em diferentes pontos da rua, com danos às redes subterrâneas.

Questionada pela Tribuna do Paraná, a Sanepar informou que não há registros de rompimentos na rede de abastecimento de água. Segundo a companhia, as quebras mencionadas podem estar relacionadas à rede pluvial. Nesses casos, a própria empresa responsável pela obra deve realizar o reparo.

Mesmo após o conserto improvisado, Josephe segue enfrentando dificuldades. A calçada em frente à sua residência permanece inacabada e, de acordo com os funcionários, não será finalizada pela equipe atual. “Fizeram até a metade da minha casa e disseram que o projeto termina ali. Se eu quiser o restante, tenho que pagar quase R$ 3 mil”, afirma o morador, indignado com a situação.

Obra inclui passagem sobre riacho

Para viabilizar a passagem de pedestres e veículos, o novo acesso da interligação viária está sendo construído sobre o Ribeirão do Mueller, conhecido pelos moradores como Riacho Augusta. Durante a execução, parte da vegetação na extensão do riacho foi removida para permitir a implantação do pavimento.

Consultada pela Tribuna do Paraná sobre a licença ambiental da obra, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA) informou que, para minimizar os impactos causados pela perda de vegetação, está prevista uma compensação ambiental. A empresa responsável pelo empreendimento fará o plantio de novas árvores no bosque da Praça Doutor Ewaldo Riedel, localizada na Rua Leandro Dacheux Júnior, na altura do trecho final da interligação viária.

O Conselho de Urbanismo estabelece as condições para a aprovação de empreendimentos, conforme as recomendações dos órgãos envolvidos. O acompanhamento da realização da obra é feito pelas secretarias da administração municipal envolvidas. Quanto aos danos à infraestrutura das residências, a Coordenadoria de Segurança de Edificações (COSEDI) informou que não recebeu solicitações de fiscalização por meio da Central 156.

E aí, Muffato?

Procurado novamente pela reportagem, o Grupo Muffato informou que a obra inclui asfaltamento, implantação de galerias de esgoto e calçamento, e está sendo executada por uma empresa credenciada e autorizada pela Prefeitura. “Trata-se de serviços em centros urbanos, indispensáveis para a melhoria da infraestrutura, mobilidade e qualidade de vida da população”, afirma a nota enviada pela empresa.

O grupo ressalta que o objetivo da intervenção é oferecer à comunidade uma infraestrutura renovada e mais segura, garantindo benefícios duradouros que vão muito além dos transtornos temporários provocados pela execução da obra. Além disso, a empresa destacou que os trabalhos seguem um cronograma aprovado pelo município e atendem a padrões técnicos rigorosos de execução. 

Para os moradores que identificarem qualquer problema ou irregularidade durante a obra, tais como cobranças indevidas e outras questões da obra, o Grupo Muffato orienta que as ocorrências sejam formalmente registradas e avaliadas pela empresa executora. Para isso, disponibiliza o canal de atendimento pelo telefone (41) 3698-5954, da VDL Construtora, responsável pela execução dos serviços.

*Nome fictício utilizado para a moradora que não quis se identificar na reportagem

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