Conversão na marra

Povão doa livros religiosos para as novas Tubotecas

As oito estações-tubo da região central que desde a semana passada foram transformadas em Tubotecas viraram o novo endereço de pregação das mais diversas correntes religiosas. Apesar de diariamente serem repostos cem livros em cada estação pela Fundação Cultural de Curitiba (FCC), por vezes, as prateleiras ficam vazias ou dão lugar a doações trazidas pelos usuários do sistema de transporte coletivo. E, nessa segunda forma de reposição, as obras evangélicas são presença constante nos espaços, seguidas por livros da doutrina espírita.

Esses títulos seguem na contramão do que estabelece o selo que acompanha as obras trazidas pela FCC para as Tubotecas. Entre as regras para doações está a restrição aos materiais didáticos ou de conteúdo pornográfico, ofensivo ou religioso. Segundo a FCC, não há como controlar ou cercear as doações vindas dos usuários do transporte coletivo que, eventualmente, fogem da proposta do projeto. A pré-seleção fica a cargo das doações acima de dois exemplares deixadas na Casa da Leitura, na prefeitura, na FCC ou no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc). Uma comissão faz a triagem, fixa o selo com informações do projeto e depois encaminha as obras para as Tubotecas.

Temas

Da parte de quem lê, há interesse pelos mais diferentes temas. No tubo Rui Barbosa sentido Pinheirinho, o office boy Eduardo Júlio Krebs Patzer optou pelo consagrado “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, na prateleira que ainda tinha obras como o “Admirável Mundo Novo”, de Aldoux Huxley, e “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, de Lima Barreto. “Leio três livros por mês, mas estava meio sem tempo para ir à biblioteca. Com os livros no tubo é uma facilidade para quem já gosta de ler e incentivo para quem não tem o hábito”, defende.

Gerson Klaina
Dirceu: espaço democrático.

Leitor dá orientação

O cobrador Dirceu da Rocha aproveita a proximidade com os livros para ler ainda mais. “Demorei para tomar gosto pela leitura, mas vi que quando lemos temos mais a dizer e ficamos mais preparados para a vida pessoal e profissional”, analisa. Ele diz que os três livros que mais gostou da Tuboteca foram evangélicos e defende a diversidade de obras.

“O tubo é um espaço democrático para todos os tipos de interesses, cabe as pessoas selecionarem o que preferem ler. Acho que esse tipo de restrição é desnecessário”, acredita. Rocha diz que adora orientar novos leitores sobre as obras disponibilizadas no tubo. Em uma segunda fase do projeto, a FCC prevê que monitores fiquem nas Tubotecas para auxiliar os usuários.

Voltar ao topo