Saúde fraca

Postos de Colombo estão sem médicos

A falta de médicos e de estrutura básica em dois postos de saúde 24 horas de Colombo viraram caso de polícia. Cidadãos indignados e enfurecidos são tão frequentes que a prefeitura designou reforço de guardas municipais para conter a população. Tanto o pronto-atendimento do Jardim Osasco quanto o do Alto Maracanã operam em situação precária.

Além da lentidão para receber atendimento, pacientes e familiares que formam fila nos dois postos precisam aguardar em áreas de espera sucateadas, com assentos quebrados, banheiro sem luz elétrica e outros problemas de infraestrutura.

O guardas, que deveriam apenas fazer a segurança, se tornam socorristas, devido ao pouco número de profissionais especializados. Nesta quinta-feira (13), por volta das 20h, uma mãe chegou ao posto do Alto Maracanã com a filha desacordada. Dois guardas que estavam de plantão precisaram transportar a garota, porque não havia outro funcionário para o serviço.

Além do tumulto causado por familiares de pacientes dentro da unidade nesta mesma noite, outra confusão foi registrada no Jardim Osasco, na noite de quarta-feira. Nos dois casos foi necessário chamar apoio da Polícia Militar.

Impacientes

Alguns parentes de pacientes se exaltaram com os atendentes. Uma mulher, que se identificou apenas como Sandra, gritou desesperada pedindo que atendessem seu filho com febre.

“Existem pessoas passando mal e não há cadeira para aguardar o médico. Não viemos a passeio, mas por necessidade. Se pudesse, pagaria um plano de saúde, mas infelizmente dependemos da prefeitura”, declarou enfurecida. Depois disso, outros pacientes e familiares ficaram nervosos e houve tumulto. Os ânimos se acalmaram e a confusão terminou por volta das 20h30.

Médicos “fogem”

A prefeitura de Colombo informou por nota que “a atual administração encontrou o setor de saúde precário e sucateado”. O último concurso para médicos oferecia 71 vagas, mas somente 32 se inscreveram e apenas cinco assumiram.

Diante disso, a administração abriu contratação de empresa prestadora de serviços em saúde. “Esta iniciativa deverá suprir a demanda e completará o quadro de médicos dos pronto-atendimentos e também das unidade de saúde do município”, dizia a nota.

A prefeitura afirmou que faz mutirões de consultas especializadas e reforma oito unidades de saúde, nos bairros Jardim das Graças, Alexandre Nadolny, Caic, Mauá, São José, Jardim Paraná, Santa Tereza e Guaraituba.

Demora é principal queixa

Os atendentes da unidade Alto Maracanã afirmaram que três médicos estavam trabalhando. Porém, a população afirmou o contrário. “O posto ficou sem atendimento por duas horas. Quando retornou, só havia um médico chamando os pacientes. Tem gente que foi para Curitiba procurar recursos. Ficamos aqui por horas sem receber satisfações e sem lugar para sentar a não ser bancos quebrados”, disse a comerciante Meire Gonçalves, que aguardava por mais de sete horas com o filho doente.

A principal reclamação era quanto à demora. “Fiquei com meu filho de 6 anos por quase sete horas aguardando atendimento. O menino estava com febre alta. Com um médico só, a fila nunca diminui”, disse o jovem Kiali Soares Correia.

Edileuza Pereira estava com a filha pequena no colo e bastante revoltada. “Tenho vergonha de morar em Colombo. Este pronto-socorro é uma humilhação. Cheguei à recepção dizendo que minha filha estava doente e eles riram de mim. Toda vez é a mesma situação”, disse.

Rosa Maria Cardoso chegou com o filho epiléptico. “Pedi informações sobre os médicos, mas não me responderam. Logo depois, só atenderam meu fi,lho porque ele estava vomitando e tendo convulsões”, alegou a mãe.

Átila Alberti
Quem tem sorte senta no banco.

Confira no vídeo o desabafo de uma moradora de Colombo.