Policial baleado em tiroteio morre no hospital

O investigador Valter Aquino Pimentel, 49 anos, que tinha mais de 25 de Polícia Civil, morreu às 13h de ontem no Hospital Cajuru. Lotado na Delegacia de Homicídios (DH), ele foi ferido durante abordagem policial, em um apartamento do 9.º andar de um edifício da Rua Doutor Pedrosa, quase esquina com a Rua Nunes Machado, na região central, por volta de 21h de quinta-feira. Além do policial, morreram na troca de tiros Hirosshe de Assis Eda, 34, conhecido como “Japonês” e Hellen Cristina Pinto Pinheiro, 18.

Foram presos o proprietário do apartamento, Gerson Saldanha, 41 anos, ex-policial civil, excluído da instituição há alguns anos; Antônio Carlos da Silveira Júnior, 34; Eduardo Molena, 27; Anderson Goys, 32; Fernanda Nascimento Oliveira, 21; e Ane Beatriz Oliveira dos Santos, 21. Além deles, um adolescente de 17 anos também foi apreendido no local. Hellen seria namorada de Gerson.

Prostituta

Segundo o delegado Hamilton da Paz, Hirosshe era investigado como chefe de uma quadrilha que matava usuários de droga em dívida com o tráfico, ou quem se atrevesse a comprar com outro traficante. Entre as vítimas estão os quatro travestis e uma prostituta assassinados nos últimos meses em Curitiba.

“Recebemos a informação de que ‘Japonês’ ia cobrar uma dívida de uma prostituta, no Terminal Guadalupe, e quem entrava no carro com ele, aparecia morto”, contou o delegado.

Os policiais vigiaram o terminal e, quando viram Hirosshe e a namorada, identificada como Paula, fizeram a abordagem, mas houve reação e o casal conseguiu fugir até o apartamento.

Quando os policiais bateram na porta e anunciaram a abordagem, foram recebidos a tiros. Nesse confronto, Hirosshe e Hellen morreram, e o policial, mesmo com colete balístico, foi ferido na barriga.

Apreensões

No apartamento, foram encontrados uma pistola calibre 380, munições calibre nove milímetros, três cachimbos, vários objetos para embalar drogas, R$ 400 em dinheiro e cerca de 14 gramas de maconha misturada com crack.

A casa de Gerson funcionava como “mocó” (local para consumo de entorpecentes), que já tinha pelo menos 10 denúncias feitas ao telefone 181-Narcodenúncia. Apesar de Gerson ter sido responsabilizado por tráfico, ele disse a seu advogado, Dálio Zippin, que era apenas usuário e comprava drogas de “Japonês”.

Disposição pra matar

Reprodução
“Japonês” morreu no confronto.

Violento e disposto a matar para manter o controle do tráfico. Assim Hirosshe foi definido pelo delegado Hamilton da Paz. “Ele queria controlar o tráfico, principalmente envolvendo travestis e prostitutas”, contou o delegado.

Segundo ele, os dois primeiros, assassinados no Atuba, eram usuários e foram mortos por deverem para o traficante. “Tanto as pessoas que foram presas no apartamento quanto outras testemunhas ouvidas durante a investigação confirmaram o modo com que a quadrilha agia. Agora, estamos atrás da mulher de Hirosshe e de dois comparsas, que participavam com ele dos homicídios.” A polícia não descarta a possibilidade do grupo ter feito outras vítimas.

Autuações

Gerson, Antônio, Eduardo e Anderson foram encaminhados ainda ontem ao Centro de Triagem de Piraquara. Fernanda e Ane Beatriz foram levadas ao Centro de Triagem I, em Curitiba, e o garoto à Delegacia do Adolescente.

Todos irão responder por tráfico de drogas e associação ao tráfico. O primeiro prevê entre 5 e 15 anos de prisão. O segundo pode dar entre 3 e 10 anos de cadeia aos envolvidos.

Perda na equipe

O delegado Hamilton da Paz lamentou a morte do policial. Ele disse que p,erdeu muito mais do que um membro da equipe e sim, um amigo com quem trabalhou por quase 30 anos.

“Era um homem íntegro, que defendeu os interesses da polícia. A morte dele nos estimula a trabalhar ainda mais, esse é o objetivo de vida dos policiais, defender a sociedade. De forma alguma vamos desistir”, afirmou, emocionado. Valter será sepultado às 15h de hoje, no Jardim da Saudade I, Portão.