Os moradores recém-chegados do Zoológico de Curitiba já se acostumaram com os novos aposentos. Quase quatro meses após a operação coordenada pelo Instituto Água e Terra (IAT), os macacos-prego (Sapajus nigritus) que estavam vivendo em cativeiros irregulares, em diversas regiões do Estado, foram alocados no início de setembro no recinto-ilha do zoológico, depois de passarem por um período de adaptação ao novo ambiente. Agora, os primatas já se divertem explorando a nova casa de cerca de três mil metros quadrados, que proporciona condições de vida melhores aos animais.

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“Esses macacos foram encontrados em situações problemáticas variadas por causa do período em que estiveram em cativeiro irregular. Muitos tinham alimentação péssima e ficavam em locais onde não havia espaço para exercício e sem contato com outros indivíduos da mesma espécie. Agora eles estão no zoológico, um empreendimento licenciado onde terão um acompanhamento por uma equipe técnica qualificada, uma dieta apropriada e um amplo espaço para poderem reaprender a serem macacos-prego. Voltarão a se exercitar e a ter contato com outros macacos”, aponta o médico veterinário do IAT, Pedro Chaves de Camargo.

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O diretor de Pesquisa e Conservação da Fauna da Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Curitiba, Edson Ferraz Evaristo de Paula, acrescenta que o recinto-ilha do zoológico, que estava vazio antes da chegada dos macacos-prego, passou por uma revitalização para acomodar os novos residentes.

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“Preparamos um espaço especialmente para eles no zoológico, com diversas estruturas, como árvores e passarelas, que enriquecem o ambiente. São fatores que proporcionam uma qualidade de vida melhor para os macacos, já que por causa do cativeiro irregular, muitos nunca nem haviam subido em uma árvore na vida”, explica.

A história desses macacos-prego começa em dezembro do ano passado, quando o IAT iniciou a formatação da logística e do plano de deslocamento. Os animais foram recapturados, com algumas doações voluntárias, de cidades de oito regionais do IAT. A operação contou com o apoio do Batalhão de Polícia Ambiental – Força Verde (BPAmb-FV) e de secretarias municipais de Meio Ambiente de Francisco Beltrão, Toledo, Curitiba, Foz do Iguaçu, Guarapuava, Londrina, Maringá e Ponta Grossa.

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Em maio, os primatas foram transportados para Curitiba, onde passaram por uma bateria de exames e avaliação de saúde na clínica veterinária da UniCuritiba. Os procedimentos incluíram cirurgias para microchipagem e castração dos machos. Depois disso, foram encaminhados ao zoológico para iniciar a aclimatação ao novo espaço.

“Os macacos-prego ficaram alguns meses num ambiente fora da visitação para passarem pela recuperação cirúrgica e por um processo de quarentena próprio do zoológico. Além disso, como eles vieram de pontos diferentes do Estado, o procedimento serviu para fazer a junção do grupo, para que eles se acostumassem com a companhia um dos outros”, diz Evaristo de Paula.

O macaco-prego é uma espécie de primata que vive em árvores, de hábitos diurnos, e distribui-se geograficamente em vários países da América do Sul. Sua alimentação é predominantemente de frutos, mas também inclui pequenos vertebrados. Os grupos possuem entre 10 e 20 indivíduos, com território de cerca de 355 hectares a 850 hectares. A gestação dura aproximadamente 180 dias, com o filhote nascendo com cerca de 210 gramas, permanecendo agarrado à mãe. A maturidade sexual é alcançada com cinco anos de idade, e os machos só se reproduzem quando asseguram posições elevadas na hierarquia do grupo.

Desde 2011, o Instituto Água e Terra é responsável, em parceria com os municípios, por toda gestão e controle da fauna silvestre em cativeiro. O órgão também dá suporte para ações de fiscalização, apreensão, reabilitação e monitoramento da fauna vitimada pelo comércio ilegal, tráfico, cativeiro irregular e maus-tratos, visando a conservação da fauna silvestre presente na região.

De acordo com a Lei de Crimes Ambientais (nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998), é proibido “matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida”. A pena prevista é de seis meses a um ano de prisão, além de multa.

Caso aviste animais machucados ou vítimas de maus-tratos, tráfico ilegal ou cativeiro irregular, o cidadão deve entrar em contato com a Ouvidoria do Instituto Água e Terra. Outra opção é ligar para o Disque Denúncia 181, informando de forma objetiva e precisa a localização e o que aconteceu com o animal. Quanto mais detalhes sobre a ocorrência, melhor será a apuração dos fatos e mais rapidamente as equipes conseguirão fazer o atendimento.