Passado e presente

Livro resgata história de engenheiro que ‘criou’ Curitiba

O início de todo o planejamento urbano de Curitiba ainda está presente em obras e regras de ocupação da cidade que começaram a ser desenhados quando a capital tinha pouco mais de um século de existência. No dia do aniversário de 320 anos, o Paraná Online pegou carona no trabalho do engenheiro e arquiteto Eduardo Fernando Chaves e na pesquisa sobre 220 obras dele, realizada pela arquiteta Elizabeth Amorim de Castro e a antropóloga Zulmara Sauner, e embarcou nesta viagem que passa a limpo as primeiras quatro décadas do século XX.

Chaves assinou projetos que estão presentes no cotidiano da cidade como: Igreja do Rosário, a Capela do Colégio Santa Maria e o Castelo do Batel. “Avaliar esse período é perceber que a cidade estava inserida em um processo de urbanização concomitantemente com as cidades mais desenvolvidas do país na época”, destaca Elizabeth. Havia uma orientação higienista, ou seja, com grande preocupação de tornar a cidade salubre, organizar bem o espaço e tendo como pano de fundo a formosura da capital. “Deixar a cidade bela estava dentro da filosofia de trabalho da época”, afirma.

Diante disso, a Praça Tiradentes e a Rua XV de Novembro, segundo pesquisa, sempre receberam um tratamento diferenciado na gestão da cidade. “Regras como a proibição de construir casas de madeira no centro da cidade e exigir que as edificações na XV de Novembro não fossem térreas mostravam a preocupação de moldar o espaço com o que havia de mais elaborado dentre os projetos arquitetônicos da época”, aponta.

Arquivo
Igreja do Rosário: projeto estava em execução em 1944, época que o engenheiro faleceu.

O trabalho das pesquisadoras surgiu com o foco de entender esse processo de urbanização da capital a partir de 20 obras de Chaves. “No aprofundamento dos estudos descobrimos um material vasto, outras 200 obras e a importância disso para resgatar a história do planejamento da cidade. Uma história que antecedeu, inclusive, o Plano Agache”, conta Elizabeth. Foram três anos de pesquisa que consumiram R$ 68,5 mil via recursos da Lei do Mecenato da Fundação Cultural de Curitiba e incentivo do Banco do Brasil. “Um trabalho como esse só foi viável por conta do incentivo, já que consumiram três anos de dedicação exclusiva”, explica a arquiteta. O resultado disso pode ser conferido no livro Livro As Virtudes do Bem-Morar, na exposição Arquitetando Curitiba na década de 1930 e no site: www.asvirtudesdobemmorar.wordpress.com

Pluralidade

Dos materiais analisado, as pesquisadoras encontraram um registro de Chaves de fachadas de casas construídas entre 1924 e 1940 e de todos os padrões e tamanhos variando entre 36 metros quadrados e 1.200 metros quadrados. “Conseguimos entrevistar filhos de moradores dessas residências e perceber diversos traços da população do início do século XX. Um dos mais marcantes foi a pluralidade de estilos e o anseio de estar conectado com o mundo”, atesta a arquiteta.

Serviço:

Livro: As Virtudes do Bem-Morar

Valor sugerido: R$ 60,00 (comercializado nas Livrarias Curitiba, Cultura e do Paço da Liberdade).

Exposição: Arquitetando Curitiba na década de 1930

Local: Memorial de Curitiba, Salão Paraná, 2.º andar.Rua Claudino dos Santos, Largo da Ordem, Setor Histórico

Horário de funcionamento das salas de expo,sição:

Terça a Sexta: das 9 às 12 h e 13 às 18h

Sábados e domingos: das 9 às 15h.

Arquivo
Castelo do Batel, construído entre 1924 a 1928.
Gazeta do Povo
Arquiteta Elizabeth Amorim de Castro e a antropóloga Zulmara Sauner: pesquisa em 220 obras.
Voltar ao topo