Memória de Curitiba

Jockey Club do Paraná: cavalos, apostas e muitas histórias em mais de 100 anos

Foto: Átila Alberti / Tribuna do Paraná.

Espaço que trazia uma mistura de emoções, como euforia e apreensão, e que era frequentado pelos apostadores corajosos e apreciadores dos eventos sociais, o Jockey Club do Paraná já foi protagonista de muita história em Curitiba. Um dos mais antigos do Brasil, ele foi inaugurado em dezembro de 1873, no bairro Prado Velho.

Em 1899, a entidade se mudou para o Guabirotuba e foi somente em 1955 que o Jockey foi para a sede atual e tombada pelo Estado, na Avenida Victor Ferreira do Amaral, 2299, no Tarumã.

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De lá para cá muita coisa mudou: a maioria das apostas é feita pela internet, transmissões exibem as corridas ao vivo, o número de cavalos diminuiu e a areia foi trocada por grama.

No entanto, há quem ainda mantém a memória do que o Jockey já foi e que também continua vivendo o que o clube se transformou. Esse é o caso de Ilimir Pereira, mais conhecido como Pinguim, que está no Jockey há 45 anos. Com 68 anos, ele começou a trabalhar no local como cavalariço quando tinha 15 anos.

Pinguim brinca e define que a função em que esteve por muito tempo é como ser babá do cavalo. “O cavalariço cuida, escova, limpa, dá comida. Ele lida com o animal e dá ele pronto para o jóquei montar. É uma responsabilidade”.

Praticamente criado no Jockey, o trabalho com os animais era quase uma tradição na família de Ilimir, pois além dele, os dois irmãos mais velhos e alguns primos também trabalhavam no local. O apelido curioso de Pinguim surgiu por conta de um dos irmãos.

“Meu irmão tinha um andar de pinguim e um nariz comprido, aí veio o apelido. Tem o pinguinzão, o pinguim e o pinguinzinho, que sou eu. Dos pinguins, só eu que estou lá ainda”, explica. O irmão mais velho, que originou o apelido, já morreu. E o do meio está com problemas de saúde.

Diferente dos parentes, Ilimir foi o único que não se tornou jóquei. Ele comenta que nunca sentiu a vocação e preferiu continuar sendo cavalariço. Mas a conexão com os cavalos sempre existiu. “A gente tem muito carinho pelos cavalos. Ele conhece a pessoa. Quando abre a cocheira, ele já levanta e sabe que é você. Se outra pessoa abre, ele já não se agrada. O animal sente o cheiro da gente. Tem que tratar com carinho, se não tratar com carinho não tem como lidar com o animal”, ensina o experiente funcionário.

Pinguim gosta tanto do lugar e do contato com os animais que nem a aposentadoria foi capaz de afastar ele do Jockey. Ele diminuiu o ritmo e agora trabalha apenas nos dias de corrida.

E apesar de ser do tempo em que os eventos do Jockey estampavam os jornais impressos e eram narrados pelas rádios de Curitiba, Pinguim também se rende às tecnologias quando não está presencialmente nas corridas. Pela televisão ou por transmissões, ele assiste corridas de outros países, como Argentina e Estados Unidos.

“Prefiro mais corrida de cavalo do que futebol. Eu gosto de ver os animais chegarem. A emoção que dá nas pessoas quando o cavalo está chegando. O público fica em pé. É muito bonito”.

Jockey em Curitiba tem 450 cavalos alojados

O secretário da Comissão de Corridas Cezar Augusto Paula revela que atualmente o Jockey Club do Paraná conta com 450 animais alojados no hipódromo, 17 jóqueis, 19 treinadores e 33 cocheiras. Os números já foram bem maiores, o local já chegou a ter mil cavalos alojados.

Cezar explica que o número caiu por dois fatores: a construção do shopping fez com que muitas cocheiras fossem demolidas e a pandemia da covid-19 diminuiu o número de corridas de três para uma vez por mês, o que também contribuiu para a retirada de alguns cavalos.

Entretanto, mesmo com a diminuição do espaço, o Jockey do Paraná é o terceiro maior do Brasil, ficando atrás de São Paulo e Rio de Janeiro. “A última corrida foi em 22 de setembro e a próxima é dia 21 de outubro”, conta.

Sobre a rotina no Jockey, o secretário comenta que os animais saem todos os dias para trabalhar e trotar. “O cavalariço chega, limpa ele (o cavalo) e leva para trabalhar. Todo dia eles entram na raia para trabalhar. Começam às 6h30 e vão até 9h30”.

Cezar comenta que muita coisa mudou com o passar dos anos, como as formas de apostar e até mesmo as raias que passaram a ter grama no lugar de areia. Entretanto, ele garante que o Jockey continua atraindo muitas pessoas e famílias, especialmente quando as corridas acontecem aos domingos.

De acordo com o secretário, na última corrida, o movimento de apostas foi de R$ 337 mil.

Morador de Santa Catarina frequenta Jockey em Curitiba há mais de duas décadas

O carioca Sergio de Carvalho já é uma figura bem conhecida no Jockey em Curitiba. Ele frequenta o espaço há mais de 20 anos, desde quando se mudou do Rio de Janeiro para Blumenau, em Santa Catarina.

Pelo menos duas ou três vezes no mês, Carvalho visita o Jockey para assistir alguma corrida e confraternizar com os amigos que fez durante essas duas décadas. “Para mim é um passeio, lazer, é um divertimento. Vou sempre que posso. É meu ponto de referência”.

Dono de cavalo, o carioca afirma que o momento preferido na corrida é quando o animal ganha. “Como proprietário, quando o cavalo ganha dá uma satisfação grande. Você vibra. Toda vez é vibrante quando você tem a vitória de um cavalo seu ou de um amigo”, diz.

Apesar de fazer apostas de vez em quando, Carvalho assegura que o que gosta mesmo é de curtir a corrida e passar um tempo com os amigos.

Ele também comenta que acredita muito no potencial de crescimento do Jockey no Paraná: “acho que é um ponto excelente para as pessoas visitarem. O público paranaense gosta bastante de cavalo”.

O Jockey Club Paraná fica na Avenida Victor Ferreira do Amaral, 2299, no bairro Tarumã, em Curitiba. A entrada no espaço é gratuita e as apostas podem ser feitas presencialmente ou pelo site.

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