Inesquecível

Gilberto Gil encanta Curitiba, com direito a dueto com cantora “da casa”

Gilberto Gil em Curitiba
Foto: Marcelo de Andrade

Não é novidade que a Arena da Baixada é cenário de gritos apaixonados. Porém, na noite de sábado (5), o estádio de Curitiba ganhou ritmo e sotaque baiano com o show de Gilberto Gil, que retornou a capital paranaense com a turnê de despedida “Tempo Rei”.

Em meio ao espetáculo, mais de 25 mil pessoas foram surpreendidas por uma participação da artista curitibana Marjorie Estiano. Ela cantou ao lado de Gil o clássico “Não Chore Mais” e, em uma só voz, Curitiba vibrou a plenos pulmões o hit de 1979 que é uma versão em português da música “No Woman, No Cry”, de Bob Marley.

O show começou às 20h30 com a música “Palco”, de 1981, e encerrou com “Toda Menina Baiana”, de 1979. Ao longo do espetáculo de mais de duas horas, Gil, com seus 83 anos, dançou e cantou como um jovem que torce para que o carnaval não termine. Em poucas músicas foi possível ver o cantor performando sentado.

“Vim dar uma voltinha”, brincou, logo no início da apresentação.

Com uma turnê de despedida que reflete os grandes feitos de uma carreira de mais de 60 anos, Gil subiu ao palco com um setlist nostálgico de fazer pulsar freneticamente o coração de fãs de diferentes gerações. Desde crianças a idosos, a arena ficou pequena para o tamanho do impacto que as canções do artista causaram na multidão que era diversificada.

“Falo como representante de Curitiba: obrigada por tudo, pela sua obra, você representa a gente”, disse Marjorie durante o fim da sua participação.

Para quem foi preparado para o frio da capital foi surpreendido com uma noite de muito calor humano. Gil e sua banda, que é composta por muitos familiares do cantor, trouxeram o aconchego nordestino através das vestes. Apesar das adaptações para as temperaturas mais baixas do sul, como a inclusão de lenços, todas impressionavam com trabalhos de bordado que remetiam a sol, coqueiros e flores.

Uma retrospectiva musical

Entre um dos momentos mais emblemáticos do show, Gil escutou atentamente, assim como a plateia, a um depoimento em vídeo de seu amigo de longa data Chico Buarque. Pelos telões foi possível se deparar com um forte relato sobre a repressão sofrida durante a ditadura militar, que vigorou de 1964 a 1985. Em coro, o público gritou “Sem anistia”, em alusão aos presos pelos incidentes de 8 de janeiro de 2023, em Brasília. Em seguida, Gil entoou o clássico “Cálice”, de 1978.

Gilberto Gil se despediu da capital paranaense mostrando uma versatilidade atemporal, com canções que vão desde o rock até o baião. O cantor conseguiu colocar em duas horas e meia de show a relevância de uma carreira de mais de 60 anos. Desafio concluído sob aplausos.

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