Rotina de torturas

Gaeco investiga 28 policiais e agentes acusados de tortura

Para o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, não é novidade investigar casos de denúncia de tortura por parte de policiais. Nos últimos três anos, 28 policiais civis e militares e agentes penitenciários foram denunciados por tortura pelo Gaeco, referente só a Curitiba e região.

Mas essas investigações, segundo o coordenador Leonir Batisti, não mostram o número real de ocorrências registradas no Estado. “A própria polícia apura denúncias de tortura e toma providências, sem passar pelo Gaeco”, explicou Batisti. Apesar disso, o secretário da Segurança Pública, Cid Vasques, afirmou ontem que antes da denúncia feita pelos quatro suspeitos de envolvimento na morte de Tayná Adriane da Silva, 14 anos, não havia qualquer informação de prática de tortura nas polícias Militar e Civil. “Surpreende que nos tempos modernos, com condições de investigações, a polícia apelar para violência para extorquir confissão”, questiona o secretário.

Um dos casos recentes de investigação de tortura, que também ganhou destaque na imprensa, foi o do Morro do Boi, em Matinhos. Seis policiais militares, um investigador e um delegado foram presos por conta de denúncia de prática de tortura a Paulo Delci Unfried. A denúncia também era de produção de provas para incriminá-lo no lugar de Juarez Ferreira Pinto, acusado de ter matado Osíris Del Corso, 22 anos, e de tentativa de latrocínio e estupro contra Monik Pegorari de Lima, 23 anos, em janeiro de 2009. Juarez foi condenado a 65 anos e 5 meses de prisão.

Mapa

Cid Vasques vai pedir à Procuradoria Geral do Estado todos os registros de denúncias, ações propostas e condenações por tortura no Paraná. A intenção é mapear todos os casos envolvendo a má-conduta de policiais. “Vamos fazer isso desde 1.º de janeiro de 2011”, explica Cid, que quer o levantamento desde a posse do governador Beto Richa.

Os policiais que forem apontados com envolvimento neste tipo de crime serão excluídos do quadro do governo. “Policial torturador não é policial, é delinquente e vamos excluir essa gente da polícia”, garante Vasques.