Sem ninguém!

Funcionários abandonam Hospital do Idoso e mais de 100 pacientes ficam na mão

Apesar de a paralisação continuar nesta quarta-feira (12), o atendimento tem sido feito normalmente em casos de emergência. Foto: Gerson Klaina

Pacientes internados nas enfermarias e na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital do Idoso Zilda Arns , de Curitiba, ficaram desassistidos na noite desta terça-feira (11) após os auxiliares de enfermagem e enfermeiros que estavam em greve, decidirem não comparecer para trabalhar no turno da noite.

Segundo informações da Secretaria Municipal de Saúde, que registrou queixa no o Centro Integrado de Atendimento ao Cidadão (Ciac Sul) por volta das 23h45 contra 31 auxiliares de enfermagem e enfermeiros que teriam abandonado seus postos, no total, foram afetadas 88 pessoas hospitalizadas nas enfermarias e 20 pacientes da UTI, além de outras sete pessoas que tiveram suas cirurgias canceladas.

Ainda de acordo com a Secretaria, a situação fez com que fosse omitido socorro às pessoas e também, com que a vida dos internados ficasse em risco. Contratados pela Fundação Estatal de Atenção Especializada em Saúde de Curitiba (Feaes), os trabalhadores não teriam cumprido a escala que determinava que pelo menos 35 profissionais prestassem atendimento durante a noite. Ontem, apenas quatro deles compareceram ao turno. Para solucionar os problemas e não deixar os pacientes desamparados foi realizada uma operação emergencial, com servidores deslocados de outras unidades de saúde para o Hospital do Idoso.

E apesar do tumulto ocorrido na noite anterior, na manhã desta quarta-feira (12) a situação era melhor para os pacientes do Hospital do Idoso. Segundo informações da assessoria de imprensa da Feaes, apenas poucos funcionários não teriam ido trabalhar. Pela manhã, a diretora Geral da Feaes Adriana Kraft seguia em reunião para apurar responsabilidades e medidas a serem tomadas.

Ainda nesta manhã, a Prefeitura confirmou em nota que pede à Feaes a abertura de processo administrativo contra os funcionários que abandonaram seus postos pondo em risco a saúde dos pacientes. A Procuradoria Geral do Município também vai acionar a Justiça, pelo descumprimento de medida judicial obrigando o atendimento mínimo legal.

Reivindicações

Quem também estava em reunião no início desta quarta-feira eram os trabalhadores do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Servidores de Saúde de Curitiba e Região (Sindesc). De acordo com a assessoria do sindicato, até a metade da manhã de hoje, eles não teriam sido notificados oficialmente sobre o fato ocorrido no Hospital do Idoso, assim a Comissão de Greve não teria agido no local, entrando nos setores, contando o número de trabalhadores presentes e realocando os funcionários. Ainda segundo o Sindesc, de um total de mais de mil funcionários da saúde, apenas 70 assinaram o livro de greve, uma adesão baixa, que faria do ocorrido no hospital, um caso isolado.

Pedindo aumento real, reajuste no auxílio alimentação, redução da jornada de trabalho, entre outras solicitações, o sindicato promete que a greve deve continuar até que haja uma contraproposta da Feaes.

Escala

Em audiência sobre a greve dos trabalhadores da Feaes no Tribunal Regional do Trabalho na última segunda-feira (10), foi determinado pela justiça que 50% dos trabalhadores deveriam permanecer nas UPA’s e 70% nos internamentos. Além deles, deveria ser mantido o percentual já estabelecido anteriormente pela Justiça do Trabalho em 80% do efetivo no Pronto Socorro, UTI e leitos de Emergência; 50% do SAD (Serviço de Atendimento Domiciliar), 80% no Centro Comunitário Bairro Novo para UTI Neonatal e pediátrica. Para os demais setores da unidade o mínimo deveria ser de 50%.

Na Pauta de Reivindicações do Sindesc, que inclui profissionais contratados pela Feas que atuam nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), Maternidade Bairro Novo e Hospital do Idoso, estão:
– 10% de aumento real;
– auxílio alimentação de R$ 460,00 a R$ 630,00 mensais e incluído no 13º salário;
– jornada de trabalho de 30h semanais a todos os trabalhadores;
– entre outras solicitações não atendidas pela Fundação. Diante desta recusa, trabalhadores decidiram fazer greve por tempo indeterminado.