Festas, férias e promoções: gatilhos perigosos para a compra compulsiva

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Todo mundo quer comprar alguma coisa. Certamente você já ouviu muitas pessoas falarem sobre seus desejos de consumo, sobre o sonho de realizar uma viagem longa ou até mesmo comprar algo que ainda não foi possível, independente do motivo. O problema é quando a vontade de comprar se torna irresistível mesmo e o indivíduo não consegue parar de pensar nisso. Essa obsessão está a um passo de virar compulsão.

A compra compulsiva pode ocorrer em qualquer época do ano, mas é agora, entre as festas de Natal e Ano Novo e a chegada das férias de verão, que o problema aparece com mais frequência. No período das trocas pós-natal, então, as promoções chamam e é aí que a maioria dos compradores compulsivos perde o controle das contas e acumulam dívidas.

“A oneomania, ou compra compulsiva, é uma condição multifatorial, que inclui desde aspectos neurobiológicos a sociais. Muito gira em torno da ansiedade, do prazer em adquirir bens que necessitamos ou sonhamos, explica o psicólogo Fernando Garcia. Quando sentimos prazer há uma descarga de endorfina, o hormônio do bem-estar.

O cérebro tende a favorecer os estímulos que repitam essa química neuronal. “Além da dimensão neurobiológica, a aquisição de bens, para alguns, tem função social como pertencimento a grupos ou status. O ato de comprar é algo dentro do contexto que vivemos, ou seja, é um comportamento razoável desde que esteja dentro de um juízo mínimo de realidade possível”.

De acordo com especialistas, o comprador compulsivo tem sintomas evidentes, mas dificilmente se enxerga no problema e age como se comprar fosse algo fundamental, como ações do dia a dia, tipo beber água, tomar banho, entre outras.

E como o paciente não consegue identificar o transtorno, é aí que entra o grande desafio da família e dos amigos: como identificar os sintomas, ajudá-lo a assumir o problema e convencê-lo de iniciar um tratamento?

Os sintomas variam de pessoa para pessoa. O psicólogo Fernando Garcia sugere tentar identificar os seguintes comportamentos:

  • Compra quando está triste ou deprimido;
  • Sente prazer no ato de comprar;
  • Compra coisas sem necessidade ou utilidade;
  • Sente culpa e vergonha depois das compras;
  • Esconde suas compras de familiares e amigos;
  • Mente sobre o valor real gasto;
  • Não resiste ao impulso quando quer algo;
  • Coloca seu patrimônio material e a saúde em risco;
  • Gasta mais do que ganha e compra mesmo assim.

“Quando a maioria desses sintomas for identificada em um amigo ou parente, o passo inicial é alguém de confiança da pessoa compulsiva chamá-la em particular e, com respeito, conversar sobre os excessos e possíveis problemas. É fundamental que esta conversa seja cordial, com tom de acolhida. Apresentar os fatos, valores, objetos sem necessidade que foram comprados. Convidar a pessoa a um tratamento com um profissional. É desejável acompanhar a pessoa na primeira consulta e mostrar apoio sempre que necessário. Estar perto”, orienta.

A Oneomania, ou transtorno da compra compulsiva, atinge, em média, 5% a 8% da população mundial. A prevalência é maior entre as mulheres, numa proporção de 4 mulheres para 1 homem. Há controvérsias sobre a sua classificação. Alguns estudiosos propõem que a compra compulsiva pertence ao espectro bipolar e outros ao espectro obsessivo-compulsivo.