Escola pioneira do ensino fundamental completa 50 anos

Mais de 200 pessoas prestigiaram neste sábado (28) a festa dos 50 anos da Escola Municipal Papa João XXIII, no Portão. Fundada em 1963, pelo Decreto n.º. 1.273, a escola é a primeira da rede municipal de ensino de Curitiba. A comemoração teve a presença do prefeito Gustavo Fruet, da secretária municipal da Educação, Roberlayne Borges Roballo, de toda a equipe da escola, além de ex-alunos e profissionais que atuaram na unidade ao longo das cinco décadas.

Aberta à população, a comemoração pelo jubileu da escola começou de manhã e seguiu até a tarde, com programação que incluiu descerramento de placa comemorativa, show de talentos dos estudantes, exposição de fotos e cartas, apresentações da fanfarra e barracas com doces e salgados. Também houve uma exposição de bolos artificiais produzidos pelos estudantes a partir de materiais artesanais.

Um dos momentos especiais foi quando o prefeito Gustavo Fruet, convidado por estudantes e professores da escola, depositou uma “cápsula do tempo”, preparada pelos estudantes da escola, em um armário que só será aberto no futuro. A cápsula – representada por uma caixa transparente – contém fotos, agenda, relato de projetos e ações, peças do uniforme atual da escola e outros elementos importantes para a comunidade escolar nos dias de hoje. A cápsula só será retirada da urna daqui a dez anos, para que os futuros estudantes saibam sobre o passado da escola.

“Esta é uma escola referência para a rede pública de ensino”, disse o prefeito Gustavo Fruet. “Este é um momento para lembrar e reverenciar o trabalho de centenas de profissionais que por aqui passaram e foram fundamentais para o desenvolvimento de cidadão que aqui começaram seu desenvolvimento e hoje são médicos, advogados, líderes comunitários, professores, mães de família e que de diferentes formas e com diferentes profissões dão a sua contribuição para a sociedade”, disse Gustavo.

Uma tenda montada no pátio da escola abrigou uma exposição de fotografias, revelando em imagens, antigas e atuais, momentos importantes protagonizados por quem passou ou ainda está na escola. A secretária municipal da Educação, Roberlayne Borges Roballo, falou sobre a importância da escola, que desde a sua fundação, durante a gestão do então prefeito Ivo Arzua, sempre serviu como um espaço de referência para as famílias da região.

“Pais que passaram por aqui hoje têm orgulho de retornar à escola trazendo pelas mãos os seus filhos. Esta escola é o exemplo de um espaço de disseminação de conhecimento que reflete a sociedade e é partícipe na transformação dos tempos”, disse Roberlayne.

“E uma escola pioneira e que conseguiu manter-se na vanguarda do ensino municipal. Mérito dos competentes profissionais e das famílias que por aqui passaram”, disse a secretária.

Ensino fundamental

Atualmente a escola atende a 1.395 estudantes, em 51 turmas de ensino fundamental, do 1.º ao 9.º ano. É uma das onze unidades com atendimento também na segunda etapa do ensino fundamental. A equipe de profissionais da unidade é formada por 170 profissionais, coordenados pela diretora eleita pelo voto popular, Sueli Kosowski. “É uma alegria participar de um momento tão especial, que evoca diferentes emoções e conquistas”, disse Sueli.

A escola conta com classes especiais, para atendimento de estudantes com necessidades educacionais especiais, e turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA), fases um e dois.  Entre os programas e projetos desenvolvidos na escola são destaques os cursos de educação permanente, abertos à comunidade, Comunidade Escola, Robótica, Grêmio Estudantil e os projetos de educomunicação Jornal Eletrônico Extra, Extra! e Papa Informa. Nas áreas esportivas acontecem práticas de basquete e rugby.

Alguns dos espaços preferidos dos estudantes na escola são os laboratórios de informática e ciências. O estimulo à literatura também tem área reservada, no Farol do Saber Rocha Pombo, vizinho à escola. Entre os participantes da festa, o estudante Thiago Costa, de 11 anos, que prestigiou o evento tanto como estudante convidado, como repórter mirim do jornal da escola, bastante prestigiado pela comunidade escolar. “Lembrar-se do passado é importante para não deixar fatos importantes se perder na história”, disse o estudante responsável pela cobertura fotográfica da festa de meio século da escola.

O trio de repórteres miríns Guilherme Rebollede Matheus Oliveira e Guilherme Soares aproveitou a presença do prefeito a escola para uma entrevista coletiva. Questionaram o que Gustavo Fruet achou do evento e quais são os investimentos previstos para acontecer futuramente na escola. As respostas serão publicadas na página on-line da escola, no Portal Cidade do Conhecimento.

História

A primeira Unidade Escolar do Município ficou conhecida como Centro Experimental Papa João XXIII, oficialmente chamado de Grupo Escolar. Foi construída em uma área onde  funcionava um campo de futebol.

Em 1965 foi construída, pelo governo estadual, uma escola isolada com o nome de Casa da Vila Pimpão, que funcionava em dois turnos, manhã e tarde, com três professoras para as classes de 1.ª, 2.ª e 3.ª séries. Nos dois anos seguintes, houve aumento do número de alunos, e a Escola isolada da Vila Pimpão foi demolida. Em 1958 novo prédio foi construído, no mesmo local, também de madeira, denominada Casa Escolar Vila Leão onde oito professoras trabalhavam.

Jardim de infância

Localizado na comunidade Vila Leão, hoje bairro do Portão, o Grupo Escolar Papa João XXIII oferecia educação integral aos alunos e familiares, possibilitando uma elevação no nível de renda da população local através da implantação dos centros comunitários. Além de ser a primeira escola municipal, o Centro Experimental Papa João XX também foi pioneiro na implantação do primeiro Jardim de infância destinado às crianças da região, começando em 64 com uma turma de 45 crianças.

Na época a prioridade de atendimento educacional do Município precisava se voltar ao ensino primário, e o Papa João XXIII ainda devia funcionar como referência da comunidade. Essa interação aconteceu por meio do Centro Comunitário Educacional, que ofereceria às famílias clubes, biblioteca comunitária, educação sanitária e uma iniciação profissional ao educando, entre 4.ª e 5.ª série, nos chamados Pavilhões de Artes Industriais.

Um das primeiras alunas da escola, Itália Joaquim Bettega, guarda na memória boas lembranças vividas na escola, onde cursou todo o ensino fundamental. “Fui muito feliz e lembro com carinho de momentos especiais que vivi na escola”, conta Itália que atualmente trabalha como assessora técnica na Secretaria Municipal da Educação, mas que já foi professora, diretora de escola municipal e atuou em diferentes departamentos da educação. “Escolhi trabalhar com educação em função do amor que eu tinha pela minha escola e em função das pessoas que conheci e convivi lá”, conta Itália.

Diretora da escola na década de 80, Elizabeth Maria de Souza Teixeira também é cheia de boas historias guardadas na memória.  Na época em que esteve à frente dos trabalhos da unidade ainda não havia siso criado o programa de descentralização de recursos financeiros, que permite a direção da escola administrar recursos repassados diretamente para as contas das escolas, dando agilidade a processos de compra de materiais e contratação de serviços. “Foi um período onde um simples conserto de torneira levava semestre para acontecer. Ficávamos engessadas aguardando por uma solução”, lembra Betinha. O perfil das famílias no período era outro desafio. “Muitos alunos pertenciam a famílias da Ferrovila, eram carentes então a escola desenvolvia seu projeto pedagógico, mas precisava também fazer acolhimento das famílias”, lembra Betinha.

Hoje, Elizabeth, a Betinha, como é conhecida na rede de educação, atua como assessora de recursos humanos da Secretaria da Educação, função que muitas vezes a faz voltar e reviver bons momentos vividos na escola. Ao lado de Sandra Lenara, hoje chefe do núcleo de educação do Cajuru, Betinha compôs um grupo de ex-diretoras a participar da comemoração, homenageando as demais que pela escola já passaram.

Também participaram da festa o administrador regional do Portão, Marco Mello, a chefe do núcleo regional de educação do Portão, Lucélia Albuquerque, funcionários, estudantes e comunidade local.