Briga por máscara

Empresário envolvido na morte de fiscal de supermercado alega doença mental e vai para prisão domiciliar

Confusão em supermercado por falta de máscara causou a morte de uma funcionária da loja. Foto: Marco Charneski / Colaboração

O empresário envolvido na morte da fiscal de loja do Hipermercado Condor de Araucária, região metropolitana de Curitiba, deixou a prisão nesta terça-feira (15), em torno das 10h, por ordem judicial após a apresentação de laudo médico de doença cerebral degenerativa. Em 28 de abril deste ano, o empresário Danir Garbossa, 58 anos, se recusou a usar a máscara de proteção contra o coronavírus para entrar no supermercado e uma briga levou ao disparo da arma de fogo do segurança que tentava contê-lo. O tiro acertou e matou a fiscal Sandra Maria Aparecida Ribeiro, que tinha 45 anos. O empresário estava preso preventivamente no Centro de Triagem de Curitiba, aguardando o andamento do processo.

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Segundo o advogado de defesa Ygor Nasser Salmen, por pedido da defesa, a Justiça concedeu a Garbossa a prisão domiciliar. Laudos médicos do Instituto de Neurologia de Curitiba (INC) foram apresentados e demonstram que o empresário tem transtorno neurológico, com indicação médica para Demência Frontotemporal. Outro laudo psicológico, de acordo com a defesa, aponta para Transtorno Explosivo Intermitente. 

A Justiça aceitou o pedido da defesa e determinou a prisão domiciliar com restrições, como a proibição de se afastar de casa dentro de um raio de 50 metros e autorização de saída apenas para tratamento de saúde. O pedido inicial da defesa era pela revogação da prisão preventiva e liberdade provisória, que foi negado.

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“O Ministério Público se manifestou no mov. 12.1 pelo indeferimento do pleito, ao argumento que é imprescindível se aguardar a realização do incidente de insanidade mental do acusado, sendo necessária a manutenção de sua custódia, por medida de cautela, uma vez que o resultado influenciará no deslinde do feito […]. Da análise dos autos, verifica-se que o pedido de revogação não comporta deferimento. Contudo, entendo razoável a aplicação no caso de medida de prisão domiciliar mediante monitoração eletrônica, bem como a aplicação de medida cautelar diversa”, diz a decisão da juíza substituta da Vara Criminal de Araucária, Helênika Valente de Souza Pinto.

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“Uma decisão sensata e humana, reconhece o estado de saúde debilitado de um homem, que nunca quis machucar ninguém e que descobriu, da pior forma, um diagnóstico médico severo. Precisamos que as pessoas cobrem o promotor de Araucária pelo gravíssimo erro cometido, ele não quis responsabilizar o principal culpado pela morte de uma inocente: o despreparado vigilante armado, que atirou para matar. A verdade continua sendo escondida. Por qual motivo?”, comentou Ygor Salmen.

O caso

A morte de Sandra Maria ocorreu próximo da porta de entrada do supermercado, em 28 de abril, por volta das 15h30. Câmeras de segurança gravaram a ocorrência. Segundo informações do local, na época, o segurança da loja entrou em luta corporal com o empresário Danir Garbossa e a arma de fogo do funcionário, que era de empresa terceirizada, disparou. 

Garbossa ficou ferido e precisou ser contido pela Guarda Municipal (GM) ao tentar fugir do local. Uma ambulância do Siate foi acionada para socorrer as vítimas. O homem foi atendido dentro da ambulância e depois foi encaminhado para a Delegacia da Polícia Civil de Araucária. O segurança envolvido também foi para a delegacia. A funcionária já estava em óbito quando os socorristas chegaram.