Resíduo vira energia

Curitiba ganha projeto inédito no Brasil para a produção de hidrogênio

Foto: Marcos Solivan

O campus Politécnico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba, inaugurou no dia 17 de outubro um projeto considerado pioneiro no país. Trata-se do Biogas-to-H2 Paraná (B2H2), uma iniciativa que transforma resíduos orgânicos do Restaurante Universitário em hidrogênio renovável de alta pureza. A tecnologia representa um avanço na área de energias limpas e na promoção da economia circular dentro do ambiente acadêmico.

Segundo o gerente de pesquisa e desenvolvimento da Copel GeT, Leandro Foldran, que lidera o consórcio do projeto, a planta piloto utiliza um processo inovador para produzir hidrogênio sem consumo de água potável. A técnica emprega biogás gerado a partir da biodigestão anaeróbia de resíduos alimentares e converte esse material por meio da reforma catalítica a seco, reduzindo desperdícios e emissões.

“Através da Biomassa, aproveitando algo que seria descartável, gera-se biogás, energia e fertilizantes por meio do processo de biodigestão anaeróbia. Tudo que entra no processo é reaproveitado”, explica. Após essa etapa, o sistema passa por processos tecnológicos avançados, como conversão termoquímica, purificação por PSA (Pressure Swing Adsorption), armazenamento e conversão final em eletricidade por células a combustível.

Para a UFPR, o projeto marca um passo decisivo rumo à inovação com impacto ambiental positivo. O professor Helton José Alves, coordenador do projeto na universidade, destaca que a iniciativa demonstra que é possível produzir hidrogênio limpo de forma sustentável. “Estamos mostrando pela primeira vez que é viável gerar hidrogênio renovável sem agredir o meio ambiente. Como não utilizamos água no processo, ainda conseguimos alcançar emissões negativas quando integramos a captura do CO₂ liberado”, afirma.

Equipe interdisciplinar

O hidrogênio vem ganhando destaque mundial como vetor energético capaz de substituir combustíveis fósseis em setores industriais e no transporte pesado. No entanto, a maior parte da produção atual ainda depende de fontes não renováveis, como o gás natural. Por isso, o desenvolvimento de hidrogênio verde a partir de resíduos orgânicos representa um avanço estratégico.

No B2H2, o biogás utilizado combina metano e dióxido de carbono produzido durante a decomposição controlada dos resíduos. Esse processo ocorre em quatro etapas bioquímicas: hidrólise, acidogênese, acetogênese e metanogênese. Além do hidrogênio, o método também gera biofertilizantes, contribuindo para práticas agrícolas sustentáveis.

O projeto reúne uma equipe interdisciplinar formada por pesquisadores de diversos setores da UFPR, como Engenharia Química e Engenharia Elétrica (Setor de Tecnologia), além do Setor Palotina, com docentes das áreas de Engenharias e Ciências Exatas. A iniciativa conta ainda com apoio do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL).

Financiado pela Chamada Pública de 2023 da Copel GeT, o projeto foi um dos três selecionados em todo o Paraná. A UFPR recebeu R$ 7,6 milhões para execução, com participação da empresa Gás Futuro, da Associação de Pesquisadores da Região Norte e do Senai Pernambuco.

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