Como podemos saber se o café que a gente consome tem qualidade? Nesta semana o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) divulgou uma nota alertando para a reprovação de três marcas de café em testes de qualidade realizados nos últimos meses. Lotes específicos das marcas Melissa, Pingo Preto e Oficial apresentaram em sua composição materiais estranhos e impurezas, o que coloca em risco a saúde dos consumidores.

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A recente disparada no preço dos cafés fez chegaram ao mercado os chamados “café fake”, que são os chamados “pós para preparo de bebida saber café”. Aliás, as três marcas reprovadas neste teste são desta categoria. São alternativas mais baratas frente ao café tradicional, mas o risco de problemas é grande.

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Adoramos um bom cafézinho, mas pouquíssimos são especialistas para perceber se há algo de estranho quando mandamos ver numa xicarazinha. Pedimos ajuda para a TAI, a Inteligência Artificial da Tribuna, para tentar identificar alguns sinais de alerta de que o café que estamos consumindo não é bom ou tem uma qualidade muito inferior à média das marcas que encontramos todos os dias nos supermercados.

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E não é porque o café é barato de mais que ele tem qualidade inferior. Preste atenção a estas características para identificar um café de má qualidade:

No aroma (antes de preparar)

  • Cheiro de queimado ou carvão: Isso indica uma torra excessivamente escura, feita para esconder defeitos dos grãos. Um bom café tem um aroma agradável, que pode ser floral, frutado, achocolatado ou de castanhas.
  • Cheiro rançoso, azedo ou “estranho”: Pode significar que o café está velho ou que os óleos dos grãos oxidaram. Um café fresco tem um aroma forte e convidativo.
  • Aroma fraco ou inexistente: Um bom café, mesmo antes de ser preparado, já deve ter um aroma perceptível.

No grão (se comprar em grãos)

  • Grãos muito gordurosos ou muito secos: Grãos de boa qualidade não devem ser nem excessivamente oleosos nem esfarelar facilmente.
  • Grãos fraturados, rachados ou quebrados: Embora alguns grãos danificados sejam normais, se mais de um quarto da embalagem estiver assim, é um mau sinal.
  • Grãos com cores desiguais: Podem indicar um processo de torra inconsistente ou a presença de grãos de diferentes qualidades misturados.
  • Grãos pretos ou ardidos: São grãos com defeitos sérios, que podem ter apodrecido ou passado por fermentação inadequada.

Durante o preparo

  • Ausência de “crema” (no espresso): Em cafés expressos, a falta de uma camada dourada e densa na superfície pode indicar grãos velhos ou de baixa qualidade.
  • Café com aspecto aguado: Se a bebida final for muito rala, mesmo seguindo a proporção correta, pode ser um sinal de grãos de má qualidade.

No sabor (depois de pronto)

  • Amargor excessivo e desagradável: Um café de qualidade pode ter um certo amargor, mas ele deve ser equilibrado. Se o amargor for predominante e “queimar” a boca, pode indicar grãos ruins ou torra excessiva.
  • Sabor adstringente: Essa sensação “amarra” a boca, como se você estivesse comendo uma banana verde. Indica grãos colhidos antes da hora (verdes).
  • Gosto de mofo, terra ou madeira: Esses sabores são indesejáveis e apontam para grãos mal armazenados ou com defeitos.
  • Acidez desequilibrada: Uma boa acidez no café é vibrante e agradável, como a de uma fruta cítrica. Se a acidez for muito alta (azeda) ou muito baixa (achatada), pode ser um sinal de problema.
  • Sabor insípido e fraco: Um café sem personalidade, que não explode com sabor na boca, geralmente é velho ou de baixa qualidade.
  • Gosto de “rio” ou “riado”: Termos técnicos que indicam sabores químicos ou fermentados, característicos de cafés de péssima qualidade.

Além do preço: outros fatores importantes

  • Data de torra: Procure sempre por cafés que informem a data de torra na embalagem, e não apenas a data de validade. Quanto mais recente a torra, mais fresco e saboroso será o café.
  • Tipo de grão: Dê preferência a cafés 100% Arábica. Essa espécie é conhecida por oferecer sabores mais complexos, suaves e aromáticos. O café Robusta, embora mais resistente e com mais cafeína, tende a ser mais amargo e é frequentemente usado em cafés comerciais de menor qualidade para “dar volume”. Blends com Robusta podem ser bons, mas a qualidade varia.
  • Embalagem: Uma boa embalagem deve ter uma válvula unidirecional (que permite a saída de gases, mas impede a entrada de ar) e uma vedação hermética para preservar o frescor dos grãos.

Em resumo, confie nos seus sentidos. O café de qualidade é uma experiência que envolve aroma, sabor e sensação na boca. Se algo não parecer certo, provavelmente não é um bom café. Com o tempo e a prática, você vai desenvolver seu paladar e olfato para identificar esses detalhes cada vez mais facilmente.

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