Cohab prepara famílias que serão reassentadas

O serviço social da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab) está realizando esta semana reuniões com 457 famílias de 25 vilas que serão reassentadas em três empreendimentos construídos no bairro do Ganchinho, com recursos do programa Minha Casa, Minha Vida. As reuniões fazem parte dos preparativos para a mudança, que deve ocorrer nos próximos 60 dias.

As famílias a serem reassentadas vivem hoje em situação de risco e insalubridade, ou em locais nos quais não é possível a permanência de moradias. Elas serão transferidas para os Residenciais Parque Iguaçu III, Novo Bairro I e II, que têm casas e sobrados. Os três empreendimentos foram construídos em áreas vizinhas, num trecho do Ganchinho localizado entre a Rua Eduardo Pinto da Rocha e o Contorno Leste.

Nas reuniões, as assistentes sociais da Cohab orientam as famílias quanto ao processo de mudança e dão informações sobre os residenciais e sobre as condições para aquisição das unidades. Elas serão proprietárias das unidades depois de assinar contratos de financiamento com a Caixa Econômica Federal.

Os contratos seguem as normas do programa Minha Casa, Minha Vida e preveem o pagamento de prestações pelo prazo de 10 anos, com valores equivalentes a 5% da renda familiar, com mínimo de R$ 25 e máximo de R$ 80. Os pagamentos não estão vinculados ao preço dos imóveis (R$ 45.000), que serão quitados ao final do prazo de contrato.

Além das reuniões com as assistentes sociais, os preparativos para o reassentamento incluem visita aos empreendimentos; sorteio para escolha das unidades (cada família define a localização dos sobrados ou casas onde irão morar); vistoria dos imóveis e assinatura de contratos de financiamento. As próximas etapas vão ocorrer nas próximas semanas.

Estão incluídas nos reassentamentos do Parque Iguaçu III e Novo Bairro I e II as seguintes Vilas: Ulisses Guimarães, 23 de Agosto, Campo Cerrado, Atuba, Ipiranga, Belo Ar, Bons Amigos, Barracão, Parque Náutico, Icaraí, Cristo Rey, Pantanal, Parolin, Alto Barigui, Uberlândia, São Carlos, Henry Ford, Umbará, Landau, Bom Menino, Menino Jesus, Ferrovila, Vila Nova I e II. Além disso, também serão atendidas situações emergenciais, de famílias atendidas pela rede de proteção social do município em função de problemas como desabamentos ou conflitos familiares.

Barracão

Uma das reuniões desta semana foi com a comunidade conhecida como Sociedade Barracão – uma ocupação formada por 39 famílias que dividem o espaço de um antigo barracão no bairro do Boqueirão. O imóvel pertence à massa falida da empresa Tecnicom e já foi atingido por um incêndio há cerca de quatro anos.

A condição das famílias, que vivem ali há pelo menos 10 anos, é extremamente precária. O local também serve como depósito de material reciclável e, por isso, há insalubridade e adensamento excessivo.

Uma das mais antigas moradoras do barracão, a aposentada Maria da Silva conta que já passou por muita dificuldade ali. “A gente tem que conviver com bicho, inundação, lixo, fogo. Ninguém merece isso na vida. Quero mudar logo para poder viver em um lugar digno”, diz ela.

Dilce Maria Narciso também está animada com a proximidade da mudança, depois de passar nove anos no barracão. Ela irá morar na casa nova com uma filha. O filho Idemar vai receber outro imóvel, onde irá viver com a esposa Simone e o filho Elton, de apenas quatro meses. “Será uma mudança para melhor”, fala Dilce. “Lá, será um bom lugar para criar meu filho”, acredita Simone.

Edy Sebastiana Gardino participou com o filho Marlon, de 15 anos, da reunião com as assistentes sociais da Cohab. Ela está no barracão há cinco anos, com o marido, mais uma filha e uma neta de quatro anos. “Ali, a gente não tem sossego. Vamos mudar radicalmente de vida e tudo vai melhorar”, falou.