Virou piada

Bronca de passageiros com ônibus lotado faz linha ganhar apelido na pandemia

Terminal Boa Vista lotado. Foto: Lineu Filho / Tribuna do Paraná.

Reclamações sobre ônibus lotados em Curitiba e região durante a pandemia de coronavírus (covid-19) têm sido uma constante. Mas uma delas foi tão pertinente que até virou motivo de piada. A linha ligeirinho Colombo/CIC, por estar sempre lotada, ganhou o apelido de “Colombo Vírus” pelos passageiros.

Quem começou com o deboche foi o porteiro Oziel da Silva, 39 anos, que na quarta-feira (8) precisou ir de ônibus para uma consulta médica. Ele procurou um horário alternativo, por volta das 10h, para escapar dos horários de pico da linha. No entanto, ele acabou levando uma “invertida” e encontrou o busão lotado. “Veio a ideia do apelido na hora”, brincou. 

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O porteiro ficou impressionado com a aglomeração e resolveu filmar a viagem e postar nas redes sociais. “Venha participar conosco da convenção Colombo Vírus, o ligeirinho mais contaminado do pedaço kkkkk. URBS e COMEC unidas em um só propósito: contaminar geral”, publicou. O vídeo mostra Oziel em pé dentro do ônibus cheio.

Outra reclamação que chegou até a reportagem veio de Pinhais, também na região metropolitana, de onde a Franciele Ribeiro, 34 anos, precisa sair e pegar três ônibus para trabalhar. Ela é funcionária de um shopping no Portão, em Curitiba. As linhas utilizadas por ela são a Vila Maria Antonieta, Pinhais/Rui Barbosa e Santa Cândida/Capão Raso. “O terminal de Pinhais fica lotado e os ônibus também”, reclamou. 

Segundo a Franciele Ribeiro, não é só no horário de pico que o movimento intenso de passageiros ocorre. “No pico é pior, mas vejo famílias se aglomerando com idosos e crianças às 10h. Outra coisa interessante, mudaram os horários dos shoppings, mas os clientes continuam indo nos horários de sempre. Tudo parece estar muito sem sentido. Por isso os ônibus lotam”, disse.

Oziel da Silva pede para as pessoas se cuidarem e apela ao poder público para fornecer mais ônibus. “As pessoas não devem ficar receosas em abrir as janelas. Peço que o poder público possa liberar a rodagem dos ônibus em horários normais. Não adianta horário de sábado e domingo. As pessoas já voltaram a trabalhar normalmente e, no fim de ano, o movimento só cresce”, finaliza o dono do apelido “Colombo Vírus”.

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O que diz a Comec e a Urbs

Sobre o caso do “Colombo Vírus”, a Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), responsável pelas linhas da região metropolitana de Curitiba, informou em nota que tem acompanhado a operação e realizado os ajustes sempre que necessário. “Desde o início da pandemia já foram mais de 330 reforços na operação. O registro da população na ouvidoria da Comec é importante para este monitoramento. Ressaltando que por se tratar de uma operação com demanda variável, eventuais lotações podem ocorrer”.

A Comec ainda reforçou o apelo para os passageiros procurarem a ouvidoria para reclamar, colaborando assim para que a empresa envie fiscais e monitore os pontos críticos.

Também em nota, a Urbs, que atende as linhas de ônibus do transporte público de Curitiba, explicou que a linha Santa Cândida/Capão Raso está operando com 100% da frota disponível. A Urbs disse que acompanha o movimento das linhas por meio do Centro de Controle de Operações (CCO) e por fiscais nos terminais. Ainda segundo a Urbs, a ocupação máxima, prevista em decreto, é de 70% da capacidade dos veículos. 

A Urbs diz que “mantém uma frota reserva para ser acionada em caso de movimento atípico. O movimento geral no transporte coletivo é 52% inferior ao registrado antes da pandemia. Atualmente são cerca de 360 mil passageiros por dia”. Sobre os passageiros idosos, que são grupo de risco para a covid-19, a Urbs orienta para que eles evitem usar o transporte coletivo em horário de pico.