Projeto da UFPR

Até ovelha de tamanco: próteses dão nova vida a pets em Curitiba

Animais com deficiência
Foto: Engenhar-MEC

Projeto de extensão da Universidade Federal do Paraná (UFPR) tem melhorado a qualidade de vida de animais com deficiência através de alternativas de baixo custo. A partir do desenvolvimento de próteses, órteses personalizadas e carrinhos de locomoção, alunos têm aplicado as tecnologias assistivas no mundo da veterinária.

Um dos pets atendidos pelo projeto foi o cachorrinho Bento, que nasceu com uma malformação em uma das patas. A condição que poderia gerar consequências como desvio na coluna vertebral e sobrecarga em outras articulações motivou os professores a desenvolverem uma órtese específica para o animal. 

Com a divulgação da história de Bento nas redes sociais, novos casos começaram a ser encaminhados ao projeto, além daqueles identificados pelo Hospital Veterinário da UFPR. Segundo a instituição, cada animal apresenta particularidades e demandas específicas.  

De galinha a ovelha

Entre outros casos atendidos pelos alunos está o de Gorda, uma galinha resgatada que perdeu parte da pata devido a um câncer. Através de uma prótese, ela recebeu uma nova chance de se locomover

A ovelha Vitória pertence a uma residente da área de grandes animais do Hospital Veterinário. Após ser atacada por um cão, sofreu uma mordida no pé que causou uma lesão nervosa. Com o membro virado para trás, o apoio constante gerava uma ferida na pele que não cicatrizava.

Para ajudar, a professora do Departamento de Anatomia Maria Fernanda Torres explica que foi necessário moldar o membro com atadura gessada e, a partir disso, desenvolver uma órtese com um ‘salto’, a fim de nivelar a altura em relação ao outro membro e proteger a região lesionada.

“A ovelha passou a utilizar um ‘tamanquinho’, que além de garantir a altura adequada, contribui para a preservação da pele”, afirma Maria Fernanda.

Conforme a instituição, além da galinha e da ovelha, o projeto já atendeu cachorros, gatos e marreco, proporcionando mais qualidade de vida, autonomia e inclusão a animais com deficiência.

Processo minuncioso

Segundo Maria Fernanda, o processo começa com a moldagem, geralmente feita com atadura gessada. Em seguida, o molde é digitalizado e convertido em um arquivo tridimensional, sobre o qual a prótese ou órtese será modelada utilizando softwares específicos.

Após essa etapa, realiza-se a impressão 3D, normalmente em filamentos termoplásticos. De acordo com o professor Sérgio Fernando Lajarin, do Departamento de Engenharia Mecânica, o desenvolvimento das soluções leva, em média, 15 dias.

“Em geral, os materiais e os equipamentos são fornecidos por uma empresa privada parceira do projeto, o que permite que os produtos sejam disponibilizados sem custo para os tutores dos animais”, conta o professor.

Para os integrantes do laboratório, o ambiente proporciona um aprendizado enriquecedor, não apenas pelas questões técnicas, mas também pela vivência interdisciplinar. Bárbara Beatriz Garcia Santos, estudante do 9º período de Medicina Veterinária e participante do projeto, destaca que a integração entre as áreas da saúde e das ciências exatas permite a convergência de conhecimentos complementares, como os aspectos biomecânicos dos animais e o processo de fabricação e design das próteses. 

“Aprendi ainda mais sobre a importância de compreender a história e a individualidade de cada animal. A iniciativa também favorece a proximidade com o paciente e com o tutor, o que proporciona aprendizados significativos sobre ética profissional e respeito ao indivíduo atendido”, diz a estudante. 

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