Crise diminui e Bolívia prepara retomada da produção de gás

O diretor de comercialização de gás da espanhola Repsol, Marco Aurélio Tavares, disse hoje (10) que a empresa vai retomar a produção de gás em campos que foram invadidos por manifestantes bolivianos na última semana. Segundo ele, as estradas já foram desbloqueadas e, em até três dias, o abastecimento de combustíveis na Bolívia será normalizado. "O pessoal deslocado daquelas unidades já está sendo recolocado", afirmou o executivo.

A melhora no cenário boliviano após a posse do novo presidente, Eduardo Rodríguez, foi a tônica da reunião de hoje (10) do comitê de crise criado no dia anterior pelo governo brasileiro, disse um dos participantes do encontro. A avaliação geral foi de que o plano de racionamento do uso do gás não deverá se estender além das térmicas e refinarias da Petrobras. Segundo Tavares, apenas esses dois segmentos são capazes de gerar uma economia de 10 milhões de metros cúbicos por dia, ou cerca de 40% do volume importado atualmente da Bolívia.

"A reunião de hoje começou com um cenário bem diferente. Os produtores disseram que houve desbloqueio de estradas e que o combustível começa a fluir", disse a fonte. Na primeira reunião, o cenário mais pessimista apresentado previa a redução das importações – hoje em 24 milhões de metros cúbicos por dia – para 8 milhões de metros cúbicos por dia. Nesse caso, seriam necessários, além do corte do fornecimento a térmicas e refinarias, um aumento na produção nacional e a redução do abastecimento de clientes que pudessem usar outros combustíveis.

A Repsol já havia reduzido sua produção boliviana em 3,5 mil barris de óleo por dia, o equivalente a 528 mil metros cúbicos de gás natural, e a Petrobras trabalhava com um prazo de até uma semana para começar a fechar poços produtores por falta de capacidade de escoamento do óleo extraído junto com o gás. Apesar da melhoria no cenário, Tavares disse que o plano de contingência será mantido.

O grupo de monitoramento da crise é formado por representantes do governo, produtores de gás, Agência Nacional do Petróleo (ANP) e distribuidoras de gás canalizado dos Estados abastecidos pelo Gasbol – Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Rio e os três da região Sul. O contrato de fornecimento de gás boliviano às empresas já previa a criação de um comitê permanente, que não foi adiante. "Esse movimento pode resultar na manutenção do grupo para pensar não só a crise, mas um planejamento integrado do mercado", avalia o presidente da Associação Brasileira das Distribuidoras de Gás (Abegás).

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