CPMI pode ampliar número de parlamentares investigados

O sub-relator de Sistematização e Controle da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Sanguessugas, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), e o vice-presidente da CPMI, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), defenderam nesta segunda-feira a ampliação do número de parlamentares investigados. Até o momento, 57 foram notificados, mas as acusações de envolvimento com a chamada "máfia da saúde" envolvem 112 nomes, incluindo ex-parlamentares.

Sampaio obteve nesta segunda, junto à Polícia Federal, a transcrição de conversas telefônicas mantidas entre os proprietários da empresa Planam, Luiz e Darci Vendoin, com parlamentares e assessores de parlamentares. O deputado quer concluir nesta semana a análise da documentação que, segundo ele, traz novos indícios para as investigações.

De acordo com o sub-relator, alguns diálogos fazem referência expressa à quantia que o parlamentar ou o assessor estaria recebendo ou estaria no aguardo para receber. "Essa é uma prova bastante forte, mas existem outras referências a parlamentares sem nenhum dado concreto que demonstre o envolvimento. Então, existem situações distintas nas gravações telefônicas", pondera.

Divulgação da lista

O relator da CPMI, senador Amir Lando (PMDB-RO), disse que pretende apresentar um relatório parcial das investigações até 18 de agosto, com os nomes dos parlamentares comprovadamente envolvidos com as fraudes nas licitações de ambulâncias. Amir Lando afirmou que as investigações sobre o envolvimento de outros parlamentares devem continuar nos próximos meses. "Vamos graduar os casos, começando por aqueles com provas suficientes", explicou.

As investigações posteriores, comentou, devem necessitar de depoimento de testemunhas e quebra de sigilo. "Tudo isso será feito, mas neste momento temos de atuar com aquilo que está líquido e certo."

Eleições

Carlos Sampaio admite que a CPMI seja prorrogada para que se apurem as irregularidades no âmbito do Executivo, mas destaca que os parlamentares em atividade devem ser investigados antes das eleições. "Hoje o foco tem de ser os 99 parlamentares na ativa que podem eventualmente estar envolvidos neste esquema. Não teria sentido apresentarmos um relatório com relação aos 57 que foram notificados e deixarmos 42 casos para depois das eleições", argumenta.

Já o deputado Raul Jungmann quer que todos os 112 parlamentares e ex-parlamentares acusados de envolvimento com a máfia das ambulâncias sejam investigados simultaneamente. "Defendo a quebra do sigilo telefônico e bancário de todos os 112 porque, em boa parte deles, o envolvimento já foi comprovado."

Mais notificações

O vice-presidente pretende sugerir à CPMI que os parlamentares investigados cujos nomes já foram divulgados pela imprensa sejam notificados para que possam defender-se publicamente. Jungmann também quer que a comissão convoque para depor o ex-diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), José Airton Cirilo, que foi acusado por Darci Vedoim de envolvimento no esquema de compra superfaturada de ambulâncias.

Carlos Sampaio defende que todo parlamentar mencionado no processo e que faça parte da CPMI ou da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania se declare impedido e se afaste das investigações. Caso contrário, o sub-relator adianta que vai pedir que o presidente da CPMI solicite o afastamento do parlamentar envolvido a seu respectivo partido.

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