CPI rastreia R$ 377 mi de conta suspeita de Duda Mendonça

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios rastreou R$ 377 milhões em operações suspeitas na conta de uma das empresas do publicitário Duda Mendonça. São misteriosas transferências bancárias, assinaladas apenas como "payments" nos sigilos bancários do publicitário. Não há informações sobre os beneficiários e os depositantes do dinheiro.

A descoberta consta de um levantamento confidencial da CPI, ao qual a reportagem teve acesso. Essas operações começaram em agosto de 2003, quando Duda assinou contrato de publicidade com o Palácio do Planalto. O trabalho dos peritos mostra que a saída de dinheiro como "payment" da conta de Duda costumava coincidir com os depósitos do Palácio do Planalto e da Petrobras órgãos com os quais o publicitário tinha contrato.

Pelas características das operações, técnicos do Banco Central (BC) suspeitam que parte dessa quantia seja de remessas de dinheiro para o exterior, embora não descartem outra explicação para as transações.

Para avançar na investigação, a CPI pedirá ao BC que determine ao BankBoston, banco onde Duda mantém a conta, um detalhamento dessas operações.

A conta sob suspeita é a 9070504, da Duda Mendonça & Associados Propaganda. Segundo o relatório dos técnicos, essa conta registra 474 operações sob a rubrica "payments", entre 15 de agosto de 2003 e 15 de agosto de 2005. Em números exatos, as transações nesse período de dois anos ficaram em R$ 377.037.457 24.

Os valores individuais das transferências são impressionantes. O levantamento revela que 104 operações envolveram mais de R$ 1 milhão.

Há também transações menores, como de R$ 10 mil.

A maior operação aconteceu no dia 15 de abril de 2004. Os dados bancários mostram que a Duda Mendonça Associados transferiu R$ 12,7 milhões para um beneficiário não identificado via "payments". Como nas demais transações, o BankBoston não informou à CPI nem o nome do banco que participou da transferência. No mesmo dia, por exemplo, a Presidência da República depositara R$ 2,6 milhões na mesma conta, a título de serviços publicitários.

A segunda transação de maior vulto ocorreu em 15 de outubro do mesmo ano. Naquele dia, a empresa de Duda transferiu R$ 10,1 milhões.

Novamente, não há identificação do beneficiário e do banco. Na mesma data e no dia anterior, a Presidência fizera depósitos na conta da empresa que somavam R$ 5,5 milhões.

As lacunas nos dados bancários de Duda não são exceção na CPI dos Correios. Os técnicos têm encontrado informações incompletas em quase todas as contas – já são 516 – que chegam à comissão. Segundo os peritos, a culpa pelas lacunas é do bancos, que costumam enviar informações "pela metade", na definição de um dos técnicos. O maior problema está nos registros de beneficiários e depositantes. Em quase todos os registros bancários, boa parte das transações aparece sem a correta identificação da origem e do destino do dinheiro

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