CPI encerra atividades amanhã sem concluir se houve mensalão

Brasília (AE) – A CPI do Mensalão deverá encerrar amanhã (16) as atividades sem concluir que houve, efetivamente, o mensalão – mesada que seria paga a parlamentares da base aliada para votar a favor de projetos de interesse do Palácio do Planalto. Os partidos de oposição ainda tentarão colher as 171 assinaturas de deputados necessárias para prorrogar os trabalhos mas sabem que isso será muito difícil. O deputado José Rocha (PFL-BA) admitiu hoje (15) que a tarefa é quase impossível.

Sem prazo para avançar nas investigações, o relator da CPI, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), deverá ler um relatório incompleto, no qual vai dizer que houve repasses de dinheiro de origem irregular a políticos, mas não com a periodicidade denunciada pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), e a circulação de pelo menos R$ 55,9 milhões, pelo caixa 2 dos partidos, com a interferência de pessoas que ocupavam cargos importantes no governo.

Deverá reafirmar, ainda, a necessidade de punição para parlamentares beneficiados pelo esquema montado pelo empresário Marcos Valério de Souza e pelo ex-tesoureiro petista Delúbio Soares.

Diante do quadro desolador do fim da CPI sem a apuração completa, o seu presidente, Amir Lando (PMDB-RO), fez hoje um apelo dramático para que os trabalhos não sejam interrompidos. Antes de ficar incomunicável no interior de Rondônia, ele concedeu uma entrevista à Rádio CBN para dizer que seria "uma grande frustração" a CPI encerrar seus trabalhos sem o relatório final.

O senador acha difícil aprovar na Câmara o requerimento para a prorrogação. "A CPI é muito partidarizada", disse. Ele acha que o medo de todos levará a CPI à bancarrota. "Os partidos se sentem ameaçados e ficam na defensiva."

"Nenhum partido quer assinar, porque temos muitas questões que envolvem parlamentares", acrescentou. Lando disse que não percebeu por parte do governo uma "operação abafa", mas tampouco viu sinal de cooperação para que os trabalhos sejam prorrogados.

O senador Sibá Machado (PT-AC), que na CPI atua como líder do governo, disse que o relatório que Abi-Ackel apresentar será aprovado sem dificuldades, desde que não sustente a tese do mensalão. "Isso não ficou provado. O que ficou provado foi o uso de dinheiro irregular pelos partidos."

Se não concluiu pela existência do mensalão, a CPI tampouco poderá dizer que houve compra de votos para a reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Para o deputado José Rocha, encarregado pela oposição de recolher as assinaturas para prorrogar a CPI, é difícil chegar às 171 assinaturas – até agora, ele só conseguiu 15. "O PFL e o PSDB estão mobilizados e todos deverão assinar o pedido de prorrogação. Mas isso não é suficiente", admitiu.

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