CPI dos Correios vota amanhã convocação de ex-diretor de Furnas

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios vota amanhã o requerimento de convocação do ex-diretor da empresa Furnas Centrais Elétricas Dimas Toledo, apontado como autor da lista com 156 nomes de políticos, principalmente do PSDB e do PFL, que teriam financiado as campanhas com recursos de caixa dois nas eleições de 2002. Toledo deporá na CPI na próxima semana, provavelmente, na quarta-feira (15). Na mesma sessão, a comissão pretende aprovar o pedido para reconvocar o publicitário Duda Mendonça. O novo depoimento de Duda Mendonça não tem, no entanto, data marcada e só ocorrerá depois que a CPI tiver acesso aos dados com a quebra do sigilo bancário dele no exterior.

O PSDB e o PFL decidiram pressionar a CPI para convocar o ex-diretor de Furnas Centrais Elétricas a fim de evitar as especulações de que a oposição estaria com receio das investigações sobre caixa dois nas campanhas eleitorais. Em contrapartida, tucanos e pefelistas defendem a convocação do ministro da Justiça, Márcio Thomas Bastos, para explicar os resultados do inquérito da Polícia Federal (PF) sobre a relação que teria sido elaborada por Toledo. A oposição também quer que a CPI investigue a fundo quem foram os verdadeiros autores do rol, caso seja confirmado que o documento é falso e não foi feito por ele.

"Enquanto o ministro da Justiça não falar sobre o inquérito, o PSDB e o PFL não vão votar nenhuma das nomeações que são feitas pelo poder Executivo e precisam da aprovação do Senado", ameaçou hoje o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM). "É preciso que o ministro da Justiça venha à CPI explicar as investigações da polícia sobre essa lista de Furnas. A partir de agora, toda a lista que aparecer terá de ser investigada pela PF", disse o sub-relator de Movimentações Financeiras da CPI, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR).

O governo e a oposição tentaram fechar um acordo para evitar a convocação de Toledo e a reconvocação do publicitário. O entendimento, no entanto, fracassou. "Essa lista tem sido objeto de uma série de especulações. Nós não temos culpa no cartório e estamos pagando o preço da suspeita. Então, que venha logo o Dimas Toledo", afirmou o líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN). "Quem está na lista exige a vinda do Dimas Toledo", completou Virgílio.

Inicialmente contrário à convocação do ex-diretor de Furnas, o relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), mudou hoje de idéia. Mas alertou: o depoimento de Toledo não acrescentará nada de novo às investigações da CPI. "O PSDB e o PFL querem a todo custo que o Dimas venha. Já que todos querem, então, vamos convocá-lo. Mas é claro que não vamos fazer grande coisa", afirmou.

O PT também reivindica a convocação do suposto lobista Nilton Monteiro, que teria entregue para a PF a listagem com os nomes de 156 políticos financiados pelo esquema montado, supostamente, por Toledo . A convocação de Monteiro foi aprovada em agosto, mas até hoje o testemunho não foi agendado. Foi ele quem denunciou a existência de caixa dois na campanha à reeleição para governador de Minas Gerais do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG). "Esse Nilton tem um histórico meio tormentoso Podemos ouvi-lo, mas antes vamos convocar o Dimas Toledo", disse hoje Serraglio.

O novo depoimento de Duda Mendonça só será marcado depois que a CPI analisar os documentos com a quebra do sigilo bancário dele no exterior. "Achamos que ele (Duda) tem de vir depois de termos acesso aos seus dados no exterior. Não podemos fazer um novo depoimento que se transforme numa mera repetição do que aconteceu há quatro meses", argumentou o líder do PT no Senado e presidente da comissão, Delcídio Amaral (MS). Em depoimento à CPI, em agosto, Duda Mendonça confessou que recebeu R$ 10,5 milhões do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, na conta Dusseldorf, como parte do pagamento da campanha do partido nas eleições de 2002.

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