CPI dos Correios decide aprofundar investigações sobre cheques

Brasília (AE) – A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios decidiu aprofundar as investigações sobre três cheques de valores elevados emitidos pela agência de publicidade SMP&B no Banco Rural. O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), disse que as informações encaminhadas pelo Rural não permitem identificar quem sacou o dinheiro. "Nós vamos atrás desses três cheques", disse Serraglio que não quis revelar que tipo de providência foi tomada para não atrapalhar as investigações.

Segundo ele, os valores dos cheques são de R$ 2 milhões, R$ 500 mil e R$ 300 mil. Na quarta-feira (20), o deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) tinha revelado que os valores dos cheques eram de R$ 2 milhões, R$ 500 mil e R$ 500 mil. Mattos reafirmou hoje que esses cheques não possuem identificação dos destinatários.

A assessoria do Rural divulgou uma nota oficial ontem (21) em que assegura que, nas cópias desses três cheques, encaminhadas à CPI, "é possível identificar os números das contas correntes beneficiárias dos referidos depósitos". A nota oficial do banco confirma que os cheques possuem os valores informados por Mattos.

Segundo a nota oficial, o cheque de R$ 2 milhões foi emitido em 11 de fevereiro pela conta do SMP&B no Rural e compensado pelo Banco do Brasil (BB) em 20 de fevereiro, na conta da agência de publicidade DNA Propaganda. "Não se trata, portanto, de um saque, mas de depósito e compensação entre contas correntes identificadas", diz a nota.

Os dois cheques no valor de R$ 500 mil foram emitidos, segundo a nota oficial, em 5 de maio pela conta da SMP&B no Rural e compensados pelo Banco Itaú na mesma data. "Mais uma vez, não se trata de saque, razão pela qual o depósito e a compensação em contas correntes identificadas não necessitam ser informadas ao Banco Central (BC)", diz a nota.

O Rural afirma que todos os saques em dinheiro em valor acima de R$ 100 mil reais foram devidamente informados ao BC, a quem cabe informar ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

Mas o banco ressalta que a determinação da lei, sobre informações ao Coaf, não abrange transferências eletrônicas e depósitos efetuados em cheque.

Mattos disse hoje que o Rural deveria encaminhar explicações para os três cheques à CPI. "Por que o banco não toma a iniciativa de mandar os documentos que expliquem os três cheques?", questionou. "Isso facilitaria as coisas e evitaria medidas da CPI que possam trazer algum tipo de constrangimento", acrescentou.

Serraglio pediu hoje ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Nelson Jobim, que remeta à CPI cópias dos documentos do Rural que foram apreendidos pela Polícia Federal (PF) em Lagoa Santa, próxima a Belo Horizonte.

"O que a Polícia Federal apreendeu compromete parlamentares. Foi por isso que o inquérito sobre o caso foi remetido ao Supremo Tribunal", explicou Serraglio. "O ministro Jobim garantiu que, assim que os documentos chegarem ao Supremo, ele nos mandará cópias", disse Serraglio. Os integrantes da CPI esperam que esses novos documentos possam esclarecer as dúvidas existentes sobre a movimentação da SMP&B e da DNA no Banco Rural.

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