CPI das Armas: novas rotas facilitam tráfico ao Brasil

Dominado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), o tráfico de armas cria novos caminhos para a chegada do contrabando ao País, para escapar da fiscalização nas rotas mais conhecidas, como as de Foz do Iguaçu ou por Mato Grosso do Sul. Um dos trajetos alternativos é o que passa pela cidade gaúcha de Uruguaiana. As armas saem do Paraguai, vão à Argentina e, de lá, entram no Brasil. Em depoimento reservado prestado à CPI do Tráfico de Armas, a testemunha identificada como ‘Alfa’ disse que, na Argentina, "tudo é livre, passa tudo, nem a polícia nem ninguém fiscaliza nada".

Segundo a testemunha, o transporte das armas e munições é feito muitas vezes em carros de passeio e, por R$ 10 ou R$ 20, "ninguém revista nada" nos postos policiais. A CPI não revela detalhes sobre Alfa. De Uruguaiana, os carregamentos são levados para São Paulo, passando por Campinas e Ribeirão Preto (SP) ou por Juiz de Fora (RJ).

A passagem por Uruguaiana é uma das rotas do tráfico descritas em dois sub-relatórios da CPI já concluídos. A comissão está mapeando os principais caminhos das armas que chegam ao País. O Paraguai é o país de onde vem a maior parte das armas contrabandeadas. Cerca de 66% das armas que chegam ao Brasil vêm daquele país. O restante vem dos Estados Unidos, Argentina, Bolívia, Filipinas e Uruguai.

Preso por tráfico, a testemunha identificada como Ômega revelou que as quadrilhas são comandadas de dentro dos presídios, por telefone. Segundo o relator Paulo Pimenta (PT-SP), advogados dos presos tem tido papel cada vez mais importante na transmissão de ordens não apenas para que sejam feitos motins nos presídios, mas também para as operações de transporte das armas clandestinas. "Os advogados passam a fazer parte das quadrilhas" diz o relator. A CPI investiga o envolvimento de 34 advogados do PCC com as ações criminosas da facção comandada por Marcos Camacho, o Marcola.

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