Corte de 0,75% no juro era o mínimo tolerável, comentou Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou com assessores que o corte de 0,75% na taxa Selic seria o "mínimo tolerável" para a reunião de ontem (18). "Menos que isso seria complicado, causaria uma crise", disse um interlocutor do presidente. A mesma avaliação foi feita por um assessor da área econômica. "Se cortassem um ponto a decisão seria classificada como política; se cortassem meio ponto, alguém seria demitido."

Um ministro informou que, dentro do governo, a expectativa era de corte de 1 ponto porcentual. No entanto, prevaleceu a análise que seria melhor para o governo, num ano de eleição, agir com cautela para evitar recuos mais adiante. "O BC está fazendo uma programação gradual para não ter sobressaltos", disse. "Eles não queriam ir fundo demais para depois correr o risco de ter de subir a taxa."

A reunião de ontem foi a mais longa do governo Lula: 4 horas e 46 minutos. A decisão, porém, foi tomada por unanimidade, ao contrário da reunião de dezembro, quando houve dois votos dissidentes. Naquela reunião a taxa de juros básica Selic foi cortada em 0,5 ponto, mas dois diretores votaram por uma redução maior, de 0,75 ponto. "Dando prosseguimento ao processo de ajuste da taxa de juros básica, o Copom decidiu por unanimidade reduzir a taxa Selic para 17,25% ao ano,

sem viés, e acompanhar atentamente a evolução do cenário prospectivo para a inflação até a sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na estratégia de política monetária implementada desde setembro de 2005", diz o comunicado divulgado pelo Banco Central.

Embora o corte de ontem tenha sido maior do que os de outubro novembro e dezembro passados, quando a taxa caiu 0,5 ponto, a decisão do Copom significou, na prática, a manutenção do ritmo de queda estabelecido no final de 2005. Neste ano, haverá menos reuniões do Copom (oito, em vez de 12). Por isso, seria necessário um corte de maior magnitude para manter o mesmo ritmo de queda.

A taxa de juros vigora até a próxima reunião do Copom, marcada para os dias 7 e 8 de março. Não haverá alterações na Selic até lá, porque a decisão de ontem foi "sem viés", ou seja, os diretores do Banco Central não sinalizaram nenhuma mudança até o próximo encontro do Copom.

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