Corrida presidencial pode ganhar nova dinâmica neste final de mês

A corrida presidencial poderá ganhar uma nova dinâmica neste final de mês tendo em vista pelo menos dois fatos: a) a provável aclamação pelo PT da candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição; b) as inserções do PSDB no horário gratuito no rádio e na televisão estreladas pelo ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o candidato do partido à presidência.

Embora Lula ainda não tenha confirmado em sua agenda, o mais provável é que ele compareça a uma das plenárias do 13º Encontro Nacional do PT, entre sexta-feira e domingo em São Paulo, para ser aclamado pelos delegados do partido. Isso não significa que o presidente assumirá formalmente a candidatura. Ele continuará dizendo que ainda não se decidiu, o que só pretende fazer em junho.

A assembléia petista foi convocada para discutir o programa de governo de Lula para seu eventual segundo mandato e a política de alianças eleitorais de sua campanha. Mas ele somente irá ao evento com garantias de que o partido não aprovará um programa de oposição às práticas de sua administração, especialmente na área econômica.

A eventual participação de Lula no encontro terá duplo significado simbólico. Em primeiro lugar, o presidente indicaria com esse gesto o seu vínculo estreito com a legenda, o que se transformaria em estímulo à militância a contornar a crise ética do mensalão e se mobilizar em busca de votos para vencer a eleição.

Em segundo lugar, se assim fizer, Lula indicará às forças políticas do campo governista que o caminho para participar do segundo mandato passará necessariamente por acordos eleitorais mediados pelo PT.

O trunfo do governo para atrair aliados de primeira hora é a avaliação, feita pelo ex-ministro e deputado cassado José Dirceu, de que Lula não tem equipe definida para o segundo mandato e que a partilha do poder futuro deverá ser realizada já nos entendimentos para a formação de palanques nos estados.

O ativismo de Dirceu nas articulações de bastidores para a campanha da reeleição representa o dado concreto de que Lula rejeitou a idéia de se afastar estrategicamente do PT para não ser contaminado pela crise da legenda. Os jornais deste final de semana revelaram que Dirceu atua como coordenador político da campanha da reeleição, autorizado pelo próprio Lula, com quem teria se reunido três vezes nos últimos dias. Como se sabe, a força de Dirceu vem antes do PT que do presidente da República.

Quanto ao tucano Geraldo Alckmin, ele terá a oportunidade de testar sua aposta na exposição de seu nome e imagem na televisão para aumentar a competitividade da sua candidatura. O ex-governador será o protagonista das inserções de propaganda do PSDB no horário partidário de amanhã, quinta-feira e sábado. Ele acredita que crescerá nas pesquisas de opinião a medida em que se tornar mais conhecido nacionalmente.

Além dessa visibilidade, os tucanos acreditam que somente a partir desta semana a pré-campanha de Alckmin ganhará feições de um empreendimento minimamente organizado, com estratégia de comunicação definida. A fase de improvisos na matéria teria sido superada com a contratação, pelo partido, do estrategista de marketing político da campanha e de uma assessoria de imprensa experiente.

A largada do candidato sem qualquer estrutura de apoio – e com a estrutura de comunicação que tinha em São Paulo desmantelada por denúncias de suposto uso político de verbas de publicidade do banco Nossa Caixa – assustou os tucanos e seus aliados do PFL. A reação para suprir a deficiência foi coordenada pelos senadores Tasso Jereissati (CE), presidente do partido, e pelo senador Heráclito Fortes (PFL-PI), indicado para a coordenação pelo PFL.

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