Coração artificial produzido no Brasil já passa por testes

A produção do primeiro coração artificial auxiliar do País pode estar na reta final. Em construção desde 1998 pelo engenheiro mecânico Aron José Pazin e pelo engenheiro eletrônico Jeison Fonseca, no Hospital Dante Pazzanese de Cardiologia e na Fundação Adib Jatene, em São Paulo o protótipo já passou da fase de testes em carneiros. Há um ano começou a ser estudado em bezerros.

"Significa que estamos mais próximos da anatomia humana" diz Fonseca. Os animais, no entanto, sobrevivem cerca de três dias com o coração auxiliar. "Daqui a uma semana o tempo de sobrevida deverá ser de um mês", aposta o engenheiro. A meta dos criadores é poder implantar o coração artificial no ser humano no prazo máximo de dois anos. "Para quem espera que isso aconteça desde 1998, dois anos é muito pouco tempo", diz.

Os principais problemas ainda observados nos bezerros são as alterações químicas do sangue ao entrar em contato com os materiais da peça (alumínio e poliuretano). Como no natural, o coração artificial tem dois ventrículos: o direito é responsável pela oxigenação do sangue e o esquerdo pela distribuição do sangue para o corpo.

No entanto o coração artificial auxiliar não substitui o humano, como o próprio nome já sugere. Ele ajuda o trabalho do coração natural. "Queríamos criar um coração artificial que não precisasse substituir o natural, porque isso traz inúmeras vantagens ao paciente", conta Aron Pazin. "A cirurgia é mais simples em relação a que substitui totalmente o coração, a recuperação é mais rápida e o sistema de controle de freqüência cardíaca e pressão é mais fácil", explica.

De tamanho equivalente a uma bola de tênis, a peça é implantada na região toráxica, pouco abaixo do coração humano, e a comunicação entre os dois é feita por meio dos ventrículos. A peça não é ligada a nenhum aparelho externo para funcionar, trabalhando graças a um motor elétrico alimentado por bateria, o que garantirá total autonomia ao paciente.

"A idéia é que a peça ajude a prolongar a vida dos que esperam por transplantes de coração", explica Fonseca. O tempo de vida garantido pela peça será de cerca de cinco anos. "No futuro, quem sabe, ele poderá até servir como apoio de qualquer coração e ninguém mais morrerá de complicações cardíacas. Mas isso ainda é um sonho."

Voltar ao topo