Copa exige plano especial contra risco de apagão

O Operador Nacional do Sistema (ONS) preparou um esquema especial para enfrentar o pico de energia nos dias de jogos do Brasil durante a Copa do Mundo. Ao contrário do que se imagina, no entanto, o principal problema não se dá no momento em que todos os televisores são ligados no início da partida. Neste horário há até mesmo uma queda no consumo, devido à suspensão das atividades industriais e comerciais no período.

O maior problema está concentrado nos nove minutos logo após o apito final do juiz da partida, quando o consumo no País chega a crescer 18% em menos de 9 minutos, ou aproximadamente 800 MW por minuto. Apenas para comparação, durante dias úteis comuns, sem jogo, este pico de consumo no final do dia equivale ao acréscimo de 100 a 150 MW por minuto.

De acordo com o diretor geral do ONS, Hermes Chipp, fenômeno semelhante aos de jogos do Brasil na Copa só ocorrem em final de novela das oito da Rede Globo, quando o consumo chega a aumentar até 400 MW por minuto, exigindo também uma operação especial do operador. "Nos dias de jogo será como ligar ao sistema uma demanda por minuto equivalente a Belo Horizonte e a Florianópolis juntas", afirmou.

Para Chipp, este pico se dá após o término da partida porque o torcedor deixa a estática permanente durante o jogo para começar a consumir energia, como por exemplo abrindo uma geladeira, tomando banho ou no mínimo acendendo a luz de um cômodo.

A operação especial do ONS nesta Copa do Mundo vai considerar premissas de consumo verificadas em 1998, quando a Copa da França teve jogos praticamente no mesmo horário das partidas que vão ocorrer este ano. "Em 2002 não tivemos esta preocupação por conta do horário dos jogos, que foram ou na madrugada ou ao amanhecer, bem distante do horário de pico já verificado em dias comuns, que é por volta das 17 ou 18 horas".

Segundo o diretor geral do ONS, a ação do ONS vai se concentrar principalmente em estabelecer os volumes mínimos e máximos de consumo previstos para o período e sincronizar as usinas geradoras hidrelétricas para que elas possam ter uma carga acionada mais rapidamente.

Ainda de acordo com o diretor do ONS, as distribuidoras estaduais também foram orientadas a aumentar o seu efetivo tanto de técnicos, quanto de atendentes no call center para possibilitar uma retomada rápida do fornecimento em caso de interrupção. "Não dá para pensar nas conseqüências de deixar um torcedor na mão sem energia no momento do jogo", disse Chipp.

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