Consumo de alimentos cresce em volume e aponta recuperação

As vendas de produtos de consumo de massa voltarão a crescer este ano, depois da queda sofrida ano passado a primeira desde o início do Plano Real. Esta é uma das conclusões de uma ampla pesquisa que a consultoria AC Nielsen apresenta amanhã (15) na ExpoAbras. O faturamento dos produtos pesquisados deverá girar em torno de R$ 140 bilhões, o que equivale a um crescimento real (já descontada a inflação do período) entre 3% e 5% sobre 2003.

O estudo mostra, ainda, que a recuperação do consumo de alimentos já começou: os volumes consumidos subiram 3,7% no primeiro semestre deste ano, comparados ao mesmo período do ano passado. “Há uma fase de crescimento e o fechamento deste ano vai ser bem melhor do que o que tivemos no ano passado”, disse o diretor de marketing da consultoria, Mário Lynch.

A pesquisa de produtos da empresa leva em conta as vendas efetuadas em todos os canais de comercialização – bares, padarias, mercearias, supermercados, quitandas, casas noturnas – e uma gama de produtos que vai desde o segmento de alimentos e bebidas até produtos de higiene e beleza, limpeza caseira e outros.

A série da Nielsen mostra que em 2003 houve uma queda histórica em volumes de 0,6%, o primeiro recuo desde 1994. Em 2002, o crescimento havia sido de 5,5%, também em volume. Já no primeiro semestre deste ano, o quadro se inverteu. A variação de volumes consumidos, comparado aos primeiros seis meses do ano passado, voltou a ficar positiva, em 1,4%.

O valor das vendas foi um pouco maior, de 2,2%, porque além do aumento das quantidades vendidas houve uma recomposição real de preços de 0,8%.

A projeção de crescimento para 2004 leva em conta o melhor ambiente econômico, com redução do desemprego, inflação sob controle, início da recuperação da renda e da retomada de consumo das classes D e E.

“O segundo semestre deve se constituir em uma excelente base para um crescimento sustentado dos próximos anos”, conclui o estudo. Em 2003, o faturamento dos produtos pesquisados foi de R$ 126 bilhões. Em valores nominais, o crescimento esperado para 2004 é de 10% a 12% (ou de 3% a 5%, descontada a inflação estimada ao redor de 7,2% para o ano).

Comportamento

O levantamento mostra que no primeiro semestre de 2004 o consumo de alimentos cresceu em quase todas as regiões pesquisadas, à exceção de São Paulo (-0,8%). Os maiores avanços foram na área que reúne Espírito Santo, Minas Gerais e interior do Rio de Janeiro (8,8%) e Centro-Oeste (8%).

No interior paulista, houve também um crescimento expressivo, de 4,4%, acima da média nacional (3,7%). Os dados da Nielsen mostram que “o consumidor que estava otimista desde o início do ano e mais propenso a gastar mais, principalmente em alimentos, já demonstra esse desejo com produtos derivados e leite, carnes, mas ainda mostra retração em produtos supérfluos, e com alguma taxa de substituição de marcas”.

Sem repasse

A J. Macêdo, empresa de alimentos com 2,4 mil empregados e faturamento para o ano previsto em R$ 1,1 bilhão, confirma a melhora nas vendas desde meados do ano. “Estamos percebendo uma mudança de julho para cá. Está engrenando o consumo”, confirma o diretor de vendas da J. Macêdo Jacob Cremasco. O executivo conta que a empresa já está conseguindo cumprir as metas, mas “não consegue o repasse (de preços)”.

Segundo ele, há “pressão de custos”, principalmente vinda do setor de embalagens. A defasagem média nos preços da empresa é de 6%. Cremasco avalia que a população de baixa renda está procurando produto com a maior qualidade possível, dentro dos limites da renda, “porque não pode errar na compra”.

O levantamento da Nielsen mostra que algumas das categorias de alimento cujas vendas mais cresceram foram bolo industrializado (47% em volume), café em pó (17%), mistura para bolo (14%), achocolatados (14%), embutido de carnes (13%) e leite longa vida (10%). Já as maiores quedas foram em pratos semi-prontos (-34%), queijo ‘petit suisse’ (-10%), sopa (-8%), sorvete (-8%) e sobremesa pronta (-7%).

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