Conselho recauchutado

Ainda não foi marcada, mas deverá ocorrer nos próximos dias a primeira reunião do Conselho Político do governo Lula, consoante a composição partidária que trabalhou pela reeleição. O conselho será integrado por PT, PMDB, PCdoB, PSB, PRB e PV, ficando fora da aliança anterior PTB e PL.

A não-renovação do convite à permanência de ambos no referido conselho se deveu ao acentuado grau de envolvimento no escândalo do mensalão, em especial o PL. De resto, assepsia prescrita pela sociedade, depois dos males incontáveis sofridos pela estrutura partidária em face do processo de corrosão da ética e da transparência, a princípio, elementos indissociáveis à organicidade dos grêmios políticos.

O presidente Lula tem a seu crédito a posição escorreita de sugerir a exclusão de PTB e PL do Conselho Político do governo, e seu gesto deverá ser entendido pela população como prova de seu desagrado, mesmo que alguns insistam em enxergar na atitude determinado componente demagógico.

Aliás, o presidente de uns tempos a essa parte, sobretudo desde o desmonte da ?Operação Tabajara?, a estapafúrdia tentativa de quadros inferiores do PT de comprar da família Vedoin um dossiê com acusações a José Serra, não tem poupado o próprio partido de um enquadramento rigoroso.

Há quem diga que o rigor presidencial com o PT deveria ter tido a mesma intensidade, já por ocasião das denúncias do esquema de financiamento supostamente arquitetado por José Dirceu, com a colaboração cega de José Genoino, Delúbio Soares e Sílvio Pereira, e o apoio logístico do publicitário Marcos Valério de Souza.

Todavia, é necessário reconhecer que jamais um partido sofreu devassa semelhante a do PT, que, de cambulhada substituiu toda a cúpula e, ainda, viu-se alijado de três poderosos ministros.

Em função do dossiê, o último a sofrer a conseqüência da inaceitável vocação petista de se afundar em negócios escusos foi o presidente nacional da legenda, deputado Ricardo Berzoini, cuja volta ao cargo é uma dúvida atroz. Os bons augúrios ao presidente Lula, e ele vai precisar, é que consiga levar ao porto seguro a nau governamental escoimada de aproveitadores e democratas de véspera. Tarefa para um timoneiro hábil e corajoso.

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