Condoleezza e o pacto

Secretária de Estado da nação mais poderosa da Terra e interlocutora permanente do presidente Bush, Condoleezza Rice desembarca hoje em Brasília, para sua primeira visita ao País depois de ter assumido o comando da política externa dos Estados Unidos.

Na agenda da secretária de Estado, o espaço principal está reservado para ampla conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o estado das artes na democracia na América Latina, projetos de desenvolvimento sustentável, reforma do Conselho de Segurança da ONU e o que pensa o governo sobre a Aliança de Livre Comércio das Américas (Alca).

O desembarque de Condoleezza na capital federal por pouco não coincidiu com a chegada do presidente deposto do Equador, Lucio Gutiérrez, que havia solicitado asilo político em território brasileiro.

Ponto a favor e inevitável no encontro de trabalho, por dar substância a uma das razões mais sólidas no relacionamento amigável do Brasil com os demais membros da comunidade latino-americana. Dar asilo político a presidentes depostos dos países vizinhos tem sido uma tradição da diplomacia brasileira.

Tendo em vista a ligação pessoal bastante próxima dos presidentes Lula e Hugo Chávez, da Venezuela, sob o pano de fundo dos recentes conflitos com o governo norte-americano, Condoleezza vai sentir-se encorajada a puxar o assunto.

O messiânico presidente venezuelano tem sido um desafio constante à política hegemônica de Washington no subcontinente, perspectiva com tendência a evoluir para estágio delicado, observada a predisposição anunciada dos presidentes Lula, Kirchner e Tabaré Vasquez de formarem, com Chávez, um pacto regionalista para defender interesses comuns.

A secretária de Estado vem ao Brasil em momento apropriado para a discussão do novo desenho das relações internacionais, quando potências emergentes como China, Índia e Rússia passam a ser pólos de convergência do novo mundo que está nascendo.

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