Começa greve de controladores de vôo em todo o País

Depois de meses de queda-de-braço com as autoridades aéreas, os controladores de vôo radicalizaram e decidiram paralisar as operações aéreas em todo o País a partir das 18h45 desta sexta-feira (30). Foi o segundo passo de uma mobilização que começou ao meio-dia, quando os sargentos controladores iniciaram uma greve de fome.

A decisão foi tomada em reunião dos controladores na própria sede do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (Cindacta 1), depois que os sargentos foram advertidos pelo próprio comandante da unidade, coronel Carlos Aquino, para que refletissem sobre a decisão de se aquartelarem e fazerem greve de fome. O coronel avisou que não hesitaria em "usar o regulamento" e lembrou que os subordinados poderiam ser enquadrados por promoverem um motim.

Irritados com as ameaças, os controladores resolveram suspender a greve de fome e partir para a paralisação total dos vôos. O estopim para o início da movimentação foi a transferência obrigatória do sargento controlador Edileuso do Cindacta-1 para o centro de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Segundo a Aeronáutica, "por necessidade do serviço". O sargento Edileuso era diretor de mobilização da Associação Brasileira dos Controladores de Vôo.

Na manhã desta sexta-feira, convocados por seus chefes, os sargentos participaram de uma formatura pelo Dia do Meteorologista, e decidiram que, a partir dali, que permaneceriam nas unidades, iniciando uma espécie de auto-aquartelamento. Às 15 horas, a turma que trabalhava pela manhã deveria deixar o serviço. Mas eles decidiram ficar no Cindacta, engrossando o movimento. Além de cerca de 120 militares de Brasília, seguiam o mesmo caminho os controladores de Manaus e do Galeão, no Rio de Janeiro. Enquanto isso, a FAB, oficialmente, dizia ignorar o movimento, alegando que não havia ninguém no quartel que não fossem as pessoas que estavam trabalhando.

Mas, por outro lado, as chefias determinavam que fosse preparada comida para todos e alojamento para os que quisessem ficar no quartel. Não esperavam, no entanto, a radicalização. Ao mesmo tempo, o próprio comandante, brigadeiro Juniti Saito, já se reunia com setores jurídicos do Ministério da Defesa, para ver em que poderiam enquadrar o pessoal. Neste momento, no entanto, não havia muito o que fazer, porque eles estavam no quartel, mas não estavam prejudicando o andamento dos trabalhos.

Por volta das 15h30, o comandante do Cindacta 1 reuniu os sargentos pedindo que eles voltassem atrás no movimento, que desistissem de dormir no quartel e que fossem pra casa descansar para não enquadrados em insubordinação e motim. Nenhum controlador respondeu a uma única pergunta do coronel Aquino e voltaram a se reunir quando decidiram pela radicalização, suspendendo a greve de fome e partindo para a paralisação dos vôos.

Por volta das 18h50, os controladores de vôo comunicaram às chefias do Cindacta-1 de Brasília, que iam paralisar suas operações e que só iriam autorizar o pouso dos aviões que já estavam no ar ou que estivessem em emergência ou transporte de transplantados o pacientes. Exigiam a presença de uma autoridade do primeiro escalão para negociar.

Eles querem desmilitarização do trafego aéreo, melhoria dos equipamentos e criação de uma carreira de Estado. As mobilizações são uma resposta às represálias da Aeronáutica, que está transferindo os sargentos controladores de suas sedes para outras cidades, aleatoriamente. Os controladores lembram que a primeira paralisação por melhores condições de trabalho ocorreu no dia dois de novembro.

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