CNBB incita eleitores a varrer corruptos do Congresso

O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) cardeal Geraldo Majella Agnelo, afirmou que a corrupção é endêmica e histórica no País. Ele exortou o eleitorado a varrer os políticos envolvidos nos escândalos do mensalão e sanguessuga da vida pública. "O eleitor precisa estar atento nestas eleições e analisar detidamente a conduta ética para que essa gente não retorne ao parlamento e para não se deixar comprar por promessas e vantagens pessoais", defendeu o religioso.

Numa referência à denúncia feita pela Procuradoria Geral da República contra 40 envolvidos no mensalão, vários deles candidatos nesta eleição, dom Geraldo falou que a Justiça deveria vetar as candidaturas até que o Supremo Tribunal Federal (STF) os julgue. "Talvez eles devessem ser impedidos de se apresentarem nesta eleição", defendeu o presidente da CNBB. A entrevista foi concedida por ocasião do encerramento da reunião anual do Conselho Permanente da CNBB.

Segundo o religioso, o Congressso – e não o governo – é o principal responsável pela manutenção do sistema político propício à corrupção. "Não é um problema exclusivo do governo, mas da sociedade e da classe política em geral, que sempre obstruiu as tentativas de moralização", enfatizou.

Para dom Antônio Celso de Queirós, vice-presidente da entidade, em momentos como o atual, o Brasil vive "surtos de moralidade" apenas porque interessa a alguém denunciar. "Se a corrupção tivesse começado no governo Lula, seríamos o País que menos desviou dinheiro", disse ele, insistindo que "a corrupção é endêmica no Brasil e não há vontade efetiva na classe política para estabelecer a ética pública.

Dom Geraldo disse que a CNBB não recomendará o voto em favor de qualquer candidato em detrimento do outro e negou que, em 2002, a instituição tenha feito opção por Lula. Ele admitiu, porém, que parte expressiva do clero optou, pessoalmente, pelo petista, mas não sabe se isso se repetirá. E aproveitou para puxar a orelha dos candidatos que, como Lula, apelam à fé do eleitorado para tirar vantagens eleitorais, mediante o uso de slogans com citações de Deus. "Não usem o santo nome de Deus em vão", disse.

A CNBB também criticou o baixo nível da campanha, a troca de ofensa entre os candidatos Lula e Alckmin e a falta de projeto de desenvolvimento para o país: "É um falando do podre do outro. Podre com podre não dá fruta boa! Onde está o projeto para o Brasil?", indagou dom Antônio.

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