CNA critica governo na negociação do algodão

Entidades empresariais do agronegócio criticaram ontem a postura do Itamaraty nas negociações comerciais internacionais e exigiram que o governo brasileiro volte à Organização Mundial do Comércio (OMC) para cobrar dos Estados Unidos o corte dos subsídios ao algodão. Para o assessor técnico da Comissão Nacional de Comércio Exterior da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antônio Donizeti Beraldo, "a falta de vontade política do Brasil" desmoraliza o sistema multilateral de negociação e o órgão de solução de controvérsia da OMC.

Em 2004, o Brasil pediu à OMC que investigasse os subsídios americanos ao algodão. Os EUA foram condenados, mas não fizeram o corte. "Eles mexeram em 10% do que foram condenados", disse Beraldo. A instalação de um painel permitiria à OMC conferir se os americanos estão cumprindo a determinação. O assunto foi discutido em reunião da Câmara Temática de Negociações Agrícolas.

O presidente da comissão e da câmara, Gilman Viana, ampliou as críticas para outros pontos da política externa brasileira. Classificou a reunião do G-20, marcada para setembro, como "artificial, jogo de espelhos". O grupo reúne as 20 economias em desenvolvimento que atuam em conjunto nas negociações da Rodada Doha da OMC. O objetivo da reunião é tentar relançar a rodada, interrompida em julho. Para Viana, "é um tiro n’água. Para a parte de comércio não adianta". Segundo ele, havia uma expectativa grande de liberalização comercial mas o "naufrágio" da rodada não pode ser "escondido com uma reunião do G-20".

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