Ciro diz que sem impedimento jurídico, transposição terá início imediato

Recife (AE) – O ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, garantiu hoje (24), no Recife, que tão logo os impedimentos legais sejam superados, as obras da transposição do rio São Francisco serão imediatamente iniciadas. "Não há previsão porque as ações estão na instância judicial e a justiça tem seu tempo", disse ele, ao lembrar que o Supremo Tribunal Federal (STF) já revogou 18 liminares contra o projeto, "todas sem pé nem cabeça".

Sobre a promessa do bispo da diocese de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, 59 anos, de voltar a fazer greve de fome contra o projeto e, desta vez, acompanhado de centenas de pessoas, o ministro relativizou: "Fazer greve de fome ou sair de greve de fome é problema de cada pessoa". Ao avaliar que a greve de fome atenta contra a moral cristã, ele colocou o bispo – que passou nove dias em jejum no início do mês contra a transposição no município de Cabrobó (PE) – "na coluna dos antagonistas de boa-fé". Destacou, porém, que uma em cada três frases ditas pelo religioso demonstra que alguém lhe mostrou uma versão falsa do projeto. "O bispo diz que a obra é para beneficiar grandes empreendedores", observou, ao frisar que a integração de bacias visa exclusivamente ao abastecimento da população.

Ciro Gomes reiterou que a polêmica em torno do assunto é mais barulhenta do que o projeto merece: "seja pelo volume a ser transposto, que é mínimo (1,4% da vazão mínima), seja pela obra de engenharia que é de uma simplicidade atroz". O ministro destacou que a pasta da Integração Nacional nunca fechou o diálogo sobre o tema e adiantou que nos próximos dias oito e nove, em Brasília, haverá um debate com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em seguida, com data ainda não marcada, outro debate com a regional Nordeste da CNBB, além de um grande seminário a exemplo de um outro que já havia sido feito anteriormente.

Revitalização

O ministro disse duvidar do surgimento de alguma idéia a ser incorporada ao projeto, que foi debatido durante três anos. Disse, porém, que "se no debate aparecer qualquer coisa que tenha mérito, será incorporada a mudança". Ciro antecipou que será pessoalmente contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 24 – que prevê R$ 6 bilhões para a revitalização do rio São Francisco – se não houver um grande entendimento sobre o projeto, incluindo a integração e a revitalização do rio.

Para o ministro, "até à posse do presidente Lula a revitalização do rio são Francisco era balela". Lembrou que R$ 120 milhões já foram aplicados em revitalização e provocou: "O que os amigos do rio são Francisco estavam fazendo até a eleição do governo Lula?"

Ele observou que todas as liminares e ações impetradas na justiça contra o projeto são promovidas por gente que "se põe facciosamente" em relação assunto. "Não digo que todos são de má-fé", afirmou. "Mas a parte sergipana e baiana do PFL (estes governos estaduais são os maiores opositores) tem sido o mais mesquinho algoz, violentando a tradição nordestina de não se negar água a quem precisa".

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