Cientistas clonam células-tronco “sob medida” para pacientes

Pela primeira vez, cientistas conseguiram clonar células-tronco embrionárias "sob medida", compatíveis com o DNA dos pacientes, que no futuro poderão ser usadas em quem sofre de doenças até o momento incuráveis.

No ano passado, esses mesmo cientistas, que são da Universidade Nacional de Seul (Coréia do Sul), haviam sido os primeiros a clonar um embrião humano, a partir do genoma de uma mulher saudável.

Desta vez, eles clonaram células de pessoas com diabete, lesão de medula espinhal ou deficiência imunológica congênita (nascida com o indivíduo). Clonadas dos próprios doentes, as células carregam o mesmo patrimônio genético do paciente e, portanto, não causam rejeição. Isso aumenta consideravelmente as chances de cura após o implante das células-tronco.

O resultado desse novo experimento foi publicado hoje na edição on-line da revista americana Science, uma das publicações científicas mais respeitadas do mundo.

Esse, no entanto, é o primeiro passo num longo caminho até que o procedimento se transforme numa terapia. "A clonagem terapêutica tem um potencial médico tremendo, mas temos de abrir muitas, muitas portas antes de poder realizar experiências clínicas com seres humanos", disse Hwang Woo-Suk, o pesquisador-chefe do estudo.

Os cientistas retiraram o núcleo de 185 óvulos doados e injetaram neles o material genético de 11 pacientes, homens e mulheres de 2 a 56 anos de idade, que sofriam de doenças até hoje sem cura (danos na coluna vertebral, diabete tipo 1 hereditária e a hipogamaglobulinemia, uma doença do sistema imunológico). Formaram-se, então, blastocistos (embriões com cinco ou seis dias de vida), a partir dos quais os pesquisadores conseguiram as linhagens celulares para os pacientes.

Muitos médicos acreditam que, com a ajuda da clonagem terapêutica, se poderão curar no futuro as doenças mais graves. Em experimentos com animais, já conseguiram, entre outras coisas voltar a unir nervos cortados em ratos com danos na coluna vertebral por meio de células-tronco, com o que os pequenos animais recuperaram uma certa capacidade de movimento.

Além disso, com as células-tronco de indivíduos doentes, os cientistas poderão observar numa proveta o começo de problemas como o Mal de Alzheimer, o que poderia inspirar novas fórmulas para o tratamento dessas doenças.

Com surpresa, os especialistas perceberam que, em apenas um ano, os pesquisadores coreanos conseguiram diminuir consideravelmente os erros na clonagem de embriões humanos. Em média, conseguiram uma clonagem em cada 17 tentativas. No ano passado, precisavam de 200 óvulos para obter um embrião clonado.

Conseguiram células-tronco de embriões clonados a partir das quais se diferenciaram no laboratório precursores de nervos, músculos e cartilagem, por exemplo.

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