Chuva já atrapalha os desfiles das escolas em São Paulo

Os preparativos finais para o carnaval ganharam dimensão maior este ano em algumas escolas de samba de São Paulo. Com equipes e jornadas dobradas para consertar os enormes estragos provocados pela chuva, agremiações prejudicadas conseguiram recuperar tempo e trabalho perdidos. Para carnavalescos e diretores, as chuvas deste verão foram as piores da história das agremiações.

A escola Pérola Negra investiu na criatividade para driblar os prejuízos. O barracão, embaixo do Viaduto Mofarrej, próximo da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais (Ceagesp), na zona oeste, ficou completamente alagado nos dias 8 de dezembro e 21 de janeiro. Em abril, uma enchente já havia estragado o que seria reaproveitado neste carnaval.

Com pouco dinheiro, a escola decidiu secar os tecidos e aproveitar partes que não estragaram para refazer o terceiro carro alegórico. Toda a cobertura, com desenhos de prédios e ruas, foi substituída por pedaços de pano de vários tecidos e cores, e o carro ganhou o nome de Cidade de São Paulo – Colcha de Retalhos.

“Já íamos representar a cidade, de forma convencional. Usamos o pouco que restou para mostrar a diversidade de culturas que temos aqui”, explica o carnavalesco André Machado.

“O carro acabou se tornando símbolo da volta por cima, do carnaval e do que a cidade tem sofrido.” A escola perdeu R$ 50 mil. “Fora o prejuízo financeiro e o trabalho desperdiçado. Ficamos quatro dias após cada enchente só limpando o estrago.” A agremiação fará o último desfile de sábado com o samba de enredo “Vamos Tirar o Brasil da Gaveta”, em homenagem a Rolando Boldrin.

Tamanduateí

Os estragos também foram significativos em dois dos quatro barracões da Imperador do Ipiranga, localizados às margens do Córrego Tamanduateí, abaixo do Expresso Tiradentes. Por sorte, os carros já prontos estavam armazenados nos outros dois locais. “Era muito barro, parecia campo de guerra”, descreve o carnavalesco Anselmo Brito.

Segundo ele, sempre houve enchentes, mas a água nunca havia entrado nos barracões. “As obras na Marginal (do Tietê) e do metrô aqui ao lado contribuíram para isso”, avalia. O alagamento também foi provocado pelo estouro da galeria pluvial que fica no fundo de um dos terrenos e não resistiu à força da água.

Para conseguir manter o projeto inicial, a escola decidiu refazer tudo que foi danificado. Ela será a primeira a desfilar na sexta-feira com o enredo “Da Antiguidade a Tecnologia: Medicina, a Nobre Arte de Salvar Vidas”. Os investimentos anteriores somavam R$ 1,5 milhão, mas Brito não revelou os gastos necessários para refazer carros e esculturas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.