China deve se igualar ao Brasil em desigualdade social

A China caminha para se igualar ao Brasil, pelo menos no que se refere às desigualdades sociais. Um estudo feito pela Academia de Ciências Políticas da China concluiu que, se o atual ritmo de ampliação das disparidades entre ricos e pobres continuarem, o país comunista caminha para ter uma diferenças entre pobres e ricos similar a dos países latino-americanos, conhecidos internacionalmente como alguns dos mais desiguais do mundo.

A entidade, ligada ao Estado, estimou que, em uma escala de zero à um "onde zero significaria igualdade total entre as classes" os chineses estariam com 0,49 pontos na classificação, índice que vem crescendo nos últimos anos. A Academia de Ciências fez o levantamento com base em pesquisas que realizou em mais de 7 mil casas por toda a China. Pelo mesmo índice, o Brasil atingiria a marca de 0,54 pontos, contra 0,4 dos Estados Unidos.

A própria ONU e o Banco Mundial reconhecem que o desenvolvimento econômico chinês tem tirado "milhões" da pobreza. Mas alertam que parte da população não apenas permanece na miséria, como a diferença em relação aos ricos se amplia. Um recente estudo do Banco Mundial alertou que a renda real dos 10% mais pobres na China caiu em 2,4% entre 2001 e 2003. Nesse mesmo período, a economia chinesa crescia a uma taxa de 10% ao ano e o país exportou um volume cada vez maior de mercadorias.

Para 2010, a estimativa é de que a China se transforme na maior exportadora do mundo. Mas quem mais ganhou com esse crescimento da economia foi a parcela mais rica da população, que viu sua renda real aumentar 16%. Na China, a questão da desigualdade social é um problema que o governo admite que existe e decidiu tomar iniciativas para lidar com o assunto de forma mais efetiva desde 2004. Medidas foram tomadas para atrair investimentos para regiões mais pobres do país, especialmente no oeste do território.

Agricultura

Na agricultura, os chineses reduziram a carga de impostos para permitir uma maior renda para o trabalhador rural. Mas isso não impediu que as diferenças de renda entre o meio rural e urbano aumentassem. Para a entidade chinesa que conduziu o estudo, mesmo se o consumo cresceu em todo país, o que tem agravado a situação de muitas famílias é o custo da saúde. Segundo o levantamento, mais de 10% dos gastos de uma família chinesa são destinados aos serviços de saúde, valor superior aos gastos com educação.

O Banco Mundial já havia alertado que, com a abertura da economia chinesa, os salários das camadas mais pobres não foram suficientes para acompanhar os custos de vida. A luta contra a desigualdade pelas autoridades em Pequim não está sendo conduzida apenas para garantir uma renda suficiente à população. Muitos temem que, se a diferença entre pobres e ricos persistir nos próximos anos, os grupos menos favorecidos poderão se rebelar contra um governo que afirma ser comunista. Tensões sociais em regiões que já pedem maior autonomia e liberdades políticas poderiam se agravar.

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