CGU reage a ataque de Gushiken

O ataque do chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos (NAE) da Presidência da República, Luiz Gushiken, ao relatório da Controladoria-Geral da União (CGU), que apontou irregularidades em contratos de publicidade nos Correios, tornou um documento técnico em dificuldade para o governo. As declarações de Gushiken, ex-chefe da Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da Presidência ao "Jornal Nacional", da Rede Globo de Televisão, ontem (05), provocaram mal-estar no Palácio do Planalto, especialmente, na CGU, órgão subordinado à Presidência.

Ao noticiário, Gushiken se disse "revoltado" com as análises que indicaram "interferência indevida" da Secom na contratação da agência de publicidade SMP&B, do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, pelos Correios, em 2003. "Não é verdade o que diz o relatório. Conversei com o ministro Waldir Pires (CGU) dizendo do meu constrangimento de ter de chamar a atenção para um erro técnico omitido por eles."

Hoje, o presidente da União Nacional dos Analistas e Técnicos de Finanças e Controle (Unacon), Fernando Antunes, defendeu a CGU. "As tristes declarações são despropositadas", afirmou. "Os técnicos fazem um trabalho sério e a CGU não está a serviço de grupos políticos. Não trabalha para o governo do PT para poder ser chamada a atenção pelo ex-ministro. A Controladoria serve ao Estado", disse. "Os trabalhos de auditoria e fiscalização sempre desagradam a grupos de poder, acostumados a fazer o que bem entendem." Pires procura não entrar em conflito. "Nem vi a entrevista", desconversou hoje.

Sob condição de permanecerem no anonimato, auditores contaram que Gushiken tem trabalhado para amainar o papel da CGU. Em reuniões, o ex-ministro defendia que as ações da Controladoria não fossem divulgadas. Enviado à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, o relatório apontou que a Secom favoreceu Valério ao determinar corte na exigência do patrimônio líquido mínimo das empresas concorrentes de R$ 3 milhões para R$ 1,8 milhão, o que permitiu participação da SMP&B.

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