Cerca de 1.500 turistas norte-americanos deixaram de ser “fichados” pela Polícia Federal do Amazonas ao desembarcar no aeroporto internacional e no porto de Manaus na primeira quinzena deste mês.
A PF alega que não tem equipamento para coletar impressões digitais dos norte-americanos nem pessoal qualificado para fazer a identificação com fotos, conforme decisão do juiz Julier Sebastião da Silva, que passou a vigorar em 1º de janeiro em todo o país.
O governo brasileiro publicou portaria que mantém o “fichamento” dos norte-americanos por 30 dias, a contar do dia 12 de janeiro.
De acordo com a assessora de imprensa da PF, Cristina Amazonas, um reforço de funcionários foi pedido para Brasília, sede da direção da polícia. A superintendência do Amazonas tem no quadro 150 agentes federais.
Segundo a assessora, a identificação tem que ser feita por papiloscopista, profissional da área de identificação policial. A delegacia só dispõe de um profissional dessa área –seriam necessários, no mínimo dois, para atender a demanda de turistas que chegam a Manaus.
“Eles [os norte-americanos] não estão sendo identificados porque não tem pessoal preparado para fazer esse trabalho.”
Ela disse que a superintendência do Amazonas não está pagando multa, já que a própria decisão judicial instituiu que as delegacias deveriam se adequar, antes de iniciar a coleta de fotos e impressões digitais. Quanto ao equipamento, Cristina Amazonas afirmou que uma licitação está em curso para a aquisição.
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da direção geral da PF, em Brasília, afirmou que a polícia tem interesse em cumprir a decisão judicial. No primeiro momento, priorizou os aeroportos de maior fluxo de turistas –São Paulo, Rio de Janeiro e Foz do Iguaçu. Segundo a assessoria, a polícia está se organizando para cumprir a determinação em todo o país.
Turistas
Segundo levantamento da Amazontur (empresa estadual de turismo), 40% dos turistas estrangeiros que visitam o Amazonas anualmente são norte-americanos. Só neste mês, Manaus recebeu um cruzeiro internacional com 586 norte-americanos. Outros 640 vieram de vôos fretados de Miami, para o turismo de pesca esportiva. Também de Miami partem semanalmente dois vôos comerciais.
Para o mês de fevereiro são esperados cerca de 1.400 turistas norte-americanos em três navios luxuosos que atracarão no porto de Manaus.
O governo organiza uma campanha promocional, que entrará em ação assim que a PF iniciar o “fichamento”. Os turistas, de todas as nacionalidades, serão recebidos ao som de baterias de escolas de samba e ganharão de brinde um anel de tucumã, uma palmeira amazônica.
O diretor-executivo da Amazontur, Nicolas Cabral, afirmou que a decisão judicial tem que ser cumprida, mas a empresa vai procurar dar um tratamento diferenciado para os turistas, não apenas os norte-americanos. “Não podemos segregar. Os japoneses e alemães nos tratam bem. Qualquer turista será bem-vindo em Manaus.”